domingo, 31 de outubro de 2010

CARPÓFOROS- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)




Foto: Pintura em madeira: Atlântida, Vanda Lúcia da Costa Salles



CARPÓFOROS



Um presente de aniversário seria...
Se eu pudesse dizer-lhe, antes
que o fruto aberto esponjasse o cerne,
no ventre a cica mordesse a boca,
onde na aprendizagem ficasse as asas e a luz
da alegria desenvolvesse o caule
da folha lúcida úmida serena mas tonta de felicidade
o brilho do olhar elucidasse
o rodopio
dos nossos corpos em grande enlace
e estampado o beijo
entre sussurros,
a voz soubesse de nossas fitas enamoradas
e aguardasse a faca e o queijo, além da fome,
a consciência de sabê-los.

Nesse 31,
em que uma bruxa falou-me assim:
nasci!


Esparramei-me na Arte,
parte por parte,
E desejei-lhe: Bom dia!


Por sorte,
éramos Carpóforos,
égides desse porvir.




*

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MOMENTO DISCENTE: AH, QUE MANHÃ! - JOYCE MARIA RODRIGUES



Foto: Pintura de Monet




AH, QUE MANHÃ!


Que manhã maravilhosa que eu tive com a minha turma 1005/2010, na manhã do dia 25 de outubro de 2010.
Pude notar que o ensinar e aprender não se passa somente em sala de aula.
Hoje pude observar de tudo um pouco...
ao sair da sala de aula, parecia que já havia um mundo diferente, como se fosse uma pintura, um belo quadro de Monet.
Das imagens urbanas que eu observava até a mais linda paisagem que é a praia, do meu ponto de vista.
As ondas do mar bailavam em rápidos movimentos, indo para frente e para trás...Convidativas.
Eu sentia o cheiro de maresia na pele. Um arrepio de intensa ternura.
Bom, a nossa turma que era unida, ficou mais ainda. E depois de tantas fotos que tiramos e algumas brincadeirinhas, parei para refletir. E entendi que as belezas que a cidade tinha é única e conclui que a arte está em todos os lugares, principalmente, dentro de nós.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

MOMENTO DISCENTE: MARCELLE SUELI NUNES DO NASCIMENTO- OS DIAS SÃO PASSAGEIROS




Foto: Praia do Centro- Iate





Será que já paramos para pensar sobre a nossa vida ou sobre o meio ambiente ou até mesmo sobre o lugar em que moramos? Será que os nossos dias são tão passageiros que não notamos os lugares que passamos ou cada detalhe da nossa cidade?
Bom,hoje eu refleti sobre isso. Às vezes reclamamos da nossa cidade e perdemos o tempo de apreciá-la.
Hoje a minha turma 1005/2010,nós fizemos um passeio pelo Centro de Rio das Ostras para apreciar a beleza da nossa cidade e então fomos a pé e passamos por vários lugares. Passamos pela Biblioteca Municipal e Teatro, tiramos algumas fotos lá, mas também fomos a praia e observamos o mar... A areia, as pessoas, e depois caminhamos em direção a praça e conversamos, tiramos mais fotos. Esse sim, foi um dia bem diferente.
Enfim, fomos para a outra paça perto da rua do Shopping, e lá eu olhei o mar, as flores, os pássaros, as pessoas, e vi a coisa maravilhosa que é a vida e o ar que respiramos. Contemplando ali aquela paisagem eu percebi que tudo é perfeito, as árvores, as folhas, a areia do mar... Ah, o mar!
Na maioria das vezes jogamos fora horas e minutos preciosos do nosso tempo, reclamando da vida e deixando de agradecer tudo o que temos. Então, hoje em um dia meio nublado, parecido com qualquer dia da semana, foi um dia diferente, foi um dia para refletir sobre a vida.

sábado, 23 de outubro de 2010

HOMENAGEM: SEU JORGE (BRASIL)- Zé do Caroço





" Meninos e meninas nascem para alegria dos pais
reais deveriam ser
as possibilidades em crer
que o futuro
está em todas as mãos
lavadas na sincera convicção
e adesão
em prol de uma nacional educação
que dignifique
o POVO dessa Nação..."

Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

HOMENAGEM: EDUARDO GALEANO (URUGUAI)*



Foto: Bandeira do Uruguai




Foto: Eduardo Galeano (Uruguai)

A FUNÇÃO DA ARTE/1


Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadoloff, levou-o para que descobrisse o mar, viajaram para o sul.
Ele, o mar, estava esperando do outro lado das dunas altas, eperando.
Quando ele e o pai, enfim, alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta imensidão do mar e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar?


( In: O Livro dos Abraços. Eduardo Galeano. Tradução: Eric Nepomuceno. 2[ ed. Porto Alegre: L&PM, 2009, p.15).


A dignidade da arte

Eu escrevo para os que não podem me ler. Os de baixo, os que esperam há séculos na fila da história, não sabem ler ou não tem com o quê.
Quando chega o desânimo, me faz bem recordar uma lição de dignidade da arte que recebi há anos, num teatro de Assis, na Itália. Helena e eu tínhamos ido ver um espetáculo de pantomima, e não havia ninguém. Ela e eu éramos os únicos espectadores. Quando a luz se apagou, juntaram-se a nós o lanterninha e a mulher da bilheteria. E, no entanto, os atores, mais numerosos que o público, trabalharam naquela noite como se estivessem vivendo a glória de uma estréia com lotação esgotada. Fizeram
sua tarefa entregando-se inteiros, com tudo, com alma e vida; e foi uma maravilha.
Nossos aplausos ressoaram na solidão da sala. Nós aplaudimos até esfolar as mãos.

Eduardo Galeano em O livro dos abraços





*Eduardo Hughes Galeano (Montevidéu, 3 de setembro de 1940) é um jornalista e escritor uruguaio.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

HOMENAGEM: MEX URTIZBEREA (ARGENTINA)*




Foto: Óleo sobre tela de alunos em aula de Arteterapia, da Prof.ª Vanda Lúcia da Costa Salles

DENTRO DE 50 AÑOS...


Por Mex Urtizberea




Dentro de cincuenta años poco va a importar cuánta gente
fue a la plaza, dará lo mismo quién ganó la batalla del
rating este año, serán del olvido los bailes eróticos de
Nazarena Vélez, los jugadores que no entraron en la lista
para el mundial de Alemania, los legisladores que armaron su
monobloque, y también El Código Da Vinci.

Lo que, definitivamente, sí estará presente es aquello
que se haya hecho hoy por la educación.

Dentro de cincuenta años probablemente Kirchner sea el
nombre de una avenida en Santa Cruz, Macri sea un apellido
que se lea en una placa del club Boca Juniors o del
Congreso, a Carrió se la podrá ver sólo en fotos, a Ben
Laden en una estampilla de correo privado de Medio Oriente y
a Bush en una estatua en una plaza perdida de Texas.

Lo que sí podrá verse, en vivo y en directo, y será
imposible no ver, es lo que hoy se haya hecho por la educación.

Dentro de cincuenta años usted y yo seremos un recuerdo, o
un olvido, pero no lo serán nuestros hijos ni nuestros nietos:
para ellos será este país mal educado o bien
educado, según lo que hoy se haga por la educación.

Dentro de cincuenta años no quedará ni rastro del debate
sobre si está bien o mal que un niño use celular, si
Maradona se droga o no se droga,
si María Eugenia Ritó es mejor vedette que Emilia Attias.

Lo que sí podrá encontrarse en cada rincón del país son
los rastros del debate que se necesita abrir hoy sobre la educación.

Dentro de cincuenta años no será más que un número lo
que se invierte ahora en seguridad, no le servirá a nadie
lo que se haya gastado en campañas políticas, no será ni recuerdo
qué comportamiento tuvo la Bolsa este año o a cuánto cotizaba el dólar.

Lo que sí se notará visiblemente es lo que hoy se
invierta para educación.

Dentro de cincuenta años usted y yo seremos el pasado ,
como lo serán Kirchner y Macri, Nazarena Vélez, Carrió y
el autor de El Código Da Vinci, y María Eugenia Ritó y
los jugadores del Mundial, pero no lo serán nuestros hijos ni nuestros nietos:
a ellos les tocará un presente de país
educado, según lo que se haga hoy por la educación.

Y quien haga hoy algo por ella, quien muestre verdadero
interés y se ponga a trabajar ahora apasionadamente para mejorarla,
extenderla, financiarla, multiplicarla, quien se desvele
para que llegue a todas partes, para que nadie quede afuera
por razones económicas o geográficas, para que tenga
calidad y que la calidad sea gratis, quien entienda que un
país mal educado es un país condenado a muerte, y
modifique este destino, entonces su nombre no será del
olvido: dentro de cincuenta años estará presente en todos
los rincones del país, será recordado con admiración y respeto.

Y no será sólo estatua, o calle, o foto, o estampilla.

A todos los que sededican a la silenciosa tarea de Educar...


*Ignacio Urtizberea (25 de octubre de 1960, Buenos Aires, Argentina), conocido artísticamente como Mex Urtizberea, es un músico, actor, escritor, conductor e humorista argentino...
http://es.wikipedia.org/wiki/Mex_Urtizberea

domingo, 10 de outubro de 2010

DIA DO PROFESSOR - BELÍSSIMA CANÇÃO - ERGA O SOM!




" A LUZ ESCOLHEU-ME... SOMENTE SEGUI A SUA TRILHA... E TORNEI-ME O QUE SOU... QUASE SEMPRE NO ESPANTO DE MIM MESMA!"

V. L. da C. S.

HOMENAGEM: O PEQUENO PRÍNCIPE- Parte I





" A VIDA MERECE SER VIVIDA COM TERNURA E ALMA..."

V. L.da C. S.

MOMENTO DISCENTE: RAPHAEL VIEIRA MACEDO (BRASIL)




UMA IMPORTÂNCIA


Fui construido por amores
foi esboçado pelo mar
e limpo pelo sopro do vento

Foi visto pelo Deus criador
Eu vi no mundo à fora
que esplendor está além do infinito

Será que sou pouco amado,
Por ser construído tão fácil?
Ou porque sou simples de se fazer?

Porque um navio é tão grande,
é construído tão demorado,
por isso eu sou fácil de ser construído:
por ser pequeno


Mas não posso deixar de amar o mar
e o vento
Porque com esses dois elementos fui formado

Eu quero me aventurar nesse mundão
Mas não sei se posso ir
tão longe...

Eu não sei se estão felizes;
a chuva forte cai, talvez, eu chore!


De felicidade pela minha existência.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PARÁBOLA CONTEMPORÂNEA: VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)*



Foto: Brasão-Rhone-Alpes





PARÁBOLA CONTEMPORÂNEA


Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)



O primado do mercado é semelhante a teia de arame farpado. Uma vez esticada à porta dos lares empobrecidos, explora e engole a gente de toda a nacionalidade, favelizando-as. Sem improviso. Mas, no tempo distraído compramos um alicate e ensinamos aos bacuris o que é preciso para cortar uma cerca.
De gosto atípico, os bacuris aprendem e apreendem outro enredo. E assim, singramos o século...



Do Livro: ENTRE O ABISMO E A MONTANHA (contos), de Vanda Lúcia da Costa Salles.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

HOMENAGEM: ANTONIO CICERO (BRASIL)*



Foto: Bandeira do Brasil




Foto: Antonio Cicero (Brasil)



GUARDAR


Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.




MEDUSA



Cortei a cabeça da Medusa
por inveja. Quis eu mesmo o olhar
sem olhos que vê e se recusa
a ser visto e desse modo faz
das demais pessoas pedras: pedras
sim, preciosas, da mais pura água,
onde o olhar mergulha até a medula,
diáfanas, translúcidas, cegas.
Refleti muito, antes. Na verdade
estes meus olhos provêm de carne
de mulher, não do nada imortal
da divindade. Como encarar
com eles a Górgona? Mas mal
pensando assim, lembrei ser mortal
ela também: e seu pai é um deus
do mar mas eu sou filho de Zeus.
Mesmo assim não quis enfrentá-la olhos
nos olhos. Peguei emprestado o espelho
da minha irmã e adentrei o cômodo
da Medusa de soslaio, vendo
tudo por reflexos: o seu corpo
em terceiro plano, atrás de heróis
de pedra e dos meus olhos esconsos
em primeiríssimo. Eis o corte
da lâmina especular: do lado
de cá eu, sem corpo, a olhar; do outro
lado eu, olho olhado, olho enviesado
e rosto e corpo entre muitos corpos,
um dos quais o dela. A mesma lâmina
decapitou-a também: do lado
de cá guardo seu olhar e faina;
e lá jaz seu vulto desalmado.
Mas nada é tão simples. Do pescoço
cortado nasceu um cavalo de asas
(é que o deus do mar a engravidara)
e mergulhou no horizonte em fogo
crepuscular. Dizem que, no monte
Hélicon, seu coice abriu uma fonte.
A ser não sendo, de madrugada
levanto com sede dessa água.



* ANTONIO CICERO : é autor, entre outras coisas, dos livros de poemas Guardar (Rio de Janeiro: Record, 1996) e A cidade e os livros (Rio de Janeiro: Record, 2002), bem como do tratado filosófico O mundo desde o fim (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995) e do livro de ensaios sobre poesia e arte Finalidades sem fim (São Paulo: Companhia das Letras, 2006). Em parceria com o poeta Waly Salomão, organizou o livro de ensaios O relativismo enquanto visão do mundo (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994) e, em parceria com o poeta Eucanaã Ferraz, a Nova antologia poética de Vinícius de Moraes (São Paulo: Companhia das Letras, 2003). É também autor de diversas letras de música, tendo como parceiros, entre outros, Marina Lima, Adriana Calcanhotto, João Bosco e Lulu Santos.


Site: http://www2.uol.com.br/antoniocicero/