PÁSSARO-DE-FOGO
Vanda Lúcia da Costa Salles
I
de um jeito terno e intrépido
cai
o
néctar
e
a liberdade
na
pele
intacta
da
flor
II
por sobre suas pétalas passeia
o sol, e
se delicia com um pulsar amoroso
de coisas
que
elevam
a
vida
que
encrespam
as
ondas
que
gotejam
esse
mar, enfim
III
amar, o que a floresta gesta
no silêncio
de sua
glória, ali há pré-amar
IV
és pássaro-de-fogo, um sonho assim
como quis
o
sonhador
em ti
e
esta lágrima que em mim
alucina-me
a
face, e
V
no esplendor desse arco-íris
bem sabes,
a poesia,
não é pra um qualquer
VI
se palavras o vento levam,
o que fica, então, se de
palavras vive
quem
de brisa
sabe
o que a flor
mira
na aguçada paisagem ?
VII
alvoroço
no
voo
da
palavra
que
cai
como pétalas de um pássaro-de-fogo