segunda-feira, 20 de abril de 2015

O PEÃO E O PIÃO DENTRO DE UM CÍRCULO- NARRATIVA DE VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES








Foto: VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES





O PEÃO E O PIÃO DENTRO DE UM CÍRCULO


                                                 Por: VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES


    João Pedro criou um jogo engraçado que denominamos de “O Peão e o Pião Dentro de Um Círculo”, tudo para que a Margarida Flor aprendesse essa tal de matemática.
    Foi bem assim que ele disse para todos nós como foi que inventara de  brincadeira a tal brincadeirinha só para matar o tempo, pois a chuva caía torrencialmente, tanto que parecia que o mundo ía derreter em água.
    Margarida Flor, a menina que sabia dançar frevo, todos os passos festivos e carnavalescos, só não sabia multiplicar e dividir. Prova dos nove, nem pensar.
       Alguém bem estúpido falou e ensinou para essa menina de Pernambuco que mulher não precisava aprender nadinha de nadinha de matemática porque era coisa de homem. Só homem pensava e a boba acreditou nesse lero-lero. Não é que tinha medo de aprender. Daí, o João Pedro imaginou um jeito de fazê-la compreender que mulher pode e deve. Até Chaline quis entrar no círculo. E ensinar do seu jeito. Os meninos e meninas reclamaram porque queriam era o jogo engraçado que o João Pedro inventara. Todos queriam aprender, brincar e jogar o tudo/nada dentro do círculo.
     Jogar o tudo/nada dentro do círculo é tão interessante que a gente  esquece  da vida.



    De fato, é um jogo de não esquecimento histórico sobre como algumas  mulheres ousaram aprender, estudar e ensinar a matemática para que soubéssemos o sentido da diferença de gênero em cognição, além da interpretação dos sinais não-verbais e outras formas de comunicação interpessoais.
    No jogo cada um escolhia ser uma das mulheres históricas,  e mais uma cor preferida. Tipo assim, quem escolhesse ser o infinito do ser poderia ser:

1-       Enheduana- a princesa acádia, nascida na cidade de Ur, que ajudou a decifrar as estrelas e desenvolver os calendários;

   -Pergunta: Quanto é uma laranja mais uma maçã?

    Resposta: Se não sabes o cálculo, imagines o brilho do olhar de quem recebe o pão repartido ou a laranja ou a maçã!


2-      Elisa- na obra Eneida, de Virgílio, é uma mulher que aplica conhecimento matemático ao cercar umas terras com um fio de um único couro de touro. Desfiando-o e contornando a área possível, ela fez acontecer.

-Pergunta: Qual o valor da largura de um abraço?

- Resposta: Poderia ser a emoção sentida ao cubo ao brincar em dois carrinhos de bate  bate!


3-      Hipátia- a professora de matemática e filósofa, filha de Teão (professor de matemática) que dirigiu o Museu de Alexandria e  foi morta (em março de  415 a.C  por uma multidão ensandecida que atacaram e dilaceraram seu corpo usando cacos de  conchas de ostras) por ser mulher, defensora intransigente da liberdade de pensamento, da liberdade de expressão, de aprender e ensinar.

- Pergunta:  Por que a intolerância irradia-se na Terra e causa furor?

- Resposta: Porque para alguns de nós pode ser a liberdade a ideal  substância!

4-      Rosvita de Gandersheim- viveu por volta de 1.000 d. C Foi professora de matemática e teatróloga. As peças Rosvitiana dão detalhes da Teoria dos Números

- Pergunta: É possível um número dissolver-se em luz e abrigar o código da esperança?

- Resposta: Sim e  não.  Não é privilégio da visão, e sim, um ato de escolha de uma consciência aprendiz!


5-      Madame de Chântelet- Traduz Principia de Newton ( aplicação do cálculo diferencial), no século XVIII.

- Pergunta: Um triângulo também é uma figura e exerce seu valor?

- Resposta: Sabe-se que o mar e o infinito não cabem no olhar enamorado de quem vivencia o amor incondicional!

      E assim ficávamos entre o Saber e o Sabor: admiradíssimos. Mas também inventando coisas do arco da velha. Espere aí, vamos jogar o jogo da velha? Ah!  Você sabia que há infinitas possibilidades quando a amizade toca o coração da gente?  Vovô Chaline afirma que sim e nos diz sempre que “Nada é impossível, enquanto vida houver!!!”
      Olho o espaço infinito, este céu azul lindo, lindíssimo com nuvens esbranquiçadas e imagens para que possamos advinhar todos os seus sentidos. Sabiam que o Amor Incondicional é um quantum infinito? Pois é, não é que é.
        - Veja esta é a imagem de Zenão de Eleia:

    Fico a imaginar o filho adotivo de Parmêmides- Zenão de Eleia-, o fundador da dialética como arte de provar ou refutar a verdade de um argumento, isto é, uma ideia ou ponto de vista. Foi o Zenão de Eleia quem colocou o infinito em detalhes quando criou os paradoxos provando que existem leis lógicas e universais na Natureza, cujos objetivos mostram a inconsistência de alguns conceitos como a divisibilidade, movimento e multiplicidade.
    Seus argumentos contra o movimento são chamados de paradoxos. A palavra paradoxo vem do latim (paradoxum) e do grego (paradoxos). O prefixo “para” quer dizer contrário a, ou oposto de, e o sufixo “doxa” quer dizer opinião. O paradoxo muitas vezes depende de uma suposição da linguagem falada, visual ou matemática, porque modela a realidade descrita.
     Quando  dizemos “o riso é uma coisa séria” ou “ o nada é tudo” estamos descrevendo um paradoxo, que também pode ser, enquanto figura de linguagem uma antítese.
   Um dos exemplos mais conhecidos é a corrida entre Aquiles e uma tartaruga. Neste paradoxo, a tartaruga tem um avanço em relação a Aquiles, e este nunca consegue alcançar a tartaruga, porque quando Aquiles chega ao ponto do qual a tartaruga partiu, esta já se adiantou. Por exemplo, a tartaruga começa a corrida  100 metros adiantada. Quando Aquiles chega ao ponto de onde a tartaruga partiu, ela já se adiantou mais 10 metros. Quando Aquiles avança esses 10 metros, a tartaruga já se adiantou 1 metro, e assim infinitamente em distâncias infinitamente mais curtas. Este paradoxo tinha como propósito desacreditar o conceito de movimento contínuo. Um movimento contínuo é eu me aproximar sempre   de você.



( IN.: SE EU LHE DER O SOL VOCÊ NAMORARIA COMIGO?- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES)


SOBRE A AUTORA:

VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES Escritora, poeta, ensaísta, artista plástica, tradutora e conferencista. Nasceu em Italva em 25 de abril de 1956. Graduada em Letras/Português-Literaturas (UERJ/FFP); Pós-graduada em Literatura Infanto-Juvenil (UFF-Niterói); e em Arteterapia na Saúde e na Educação (UCAM-RJ). Catedrática de Literatura do Museu Belgrano na Argentina, outorgada pelo Fundador e Diretor Dr. Ricardo Vitiritti; Membro efetivo da AIC-Academia Internacional Contemporânea (Brasília-Brasil); Membro correspondente da ALG-Academia de Letras de Goiânia (Goiás-Brasil).  Membro fundador da ALMAS- Academia de Letras, Música e Artes de Salvador (Bahia-Brasil), Delegada Cultural do Liceo Poético de Benidorm (Espanha) no Rio de Janeiro-Brasil; Membro correspondente da ALL-Academia Ludovicense de Letras– São Luís (Maranhão- Brasil). Recebeu: Monção de Aplauso e Congratulações  da Câmara Municipal de Rio das Ostras (2001);  Comenda Gonçalves Dias do Projeto Mil Poemas Para Gonçalves Dias (2013);  Comenda Luiz Vaz de Camões- comemorativa aos 8 séculos da língua portuguesa (2014); Prêmio Luso-Brasileiro de Poesias-melhores poetas de 2014- Mágico de Oz;  Medalha e Diploma: Prêmio Luso-Brasileiro de Poesias-Melhores poetas de 2015- Mágico de Oz.
      Publicou: Catacrese (1984), Nebe – A Emoção do Mundo (1991), No tempo distraído (2001), Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (ensaio, 2002), A Palavra do Menino e as Abobrinhas (2005), O chamado das Musas. Pô-ética Humana: o enigma do recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira (pesquisa poética em arte e educação-creadores argentinos, 2008), Núncia Poética (Poesias, 2010),  Universo Secreto-Entre o abismo e a montanha (contos, 2011), Cantigas Para a Mulher do Século XXI (Poesias, 2013).




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