POEMA
DA MULHER SOBREVIVENTE
Vanda Lúcia da Costa Salles
I
Este
poema, confesso só quer sobreviver. Educação é coisa séria!... Pois sabe, às vezes, viver é um risco incomensurável. Saúde é
preciso!... Motivo este: aprendo a
aprender a ler e a interpretar
tudo, todos, tim tim por tim tim.
Até mesmo,
os pingos nos ii.
II
Há
quem diga: como posso atrever-me a sobreviver?
Que audácia! Imprimir no tempo a marca indelével dessa minha escrita de
minoria... De mulher, solteira, idosa,
evangélica, cristã ou pagã. A sina de ser mãe, no social E a
ingratidão, no geral. Útero e vagina
incomodam ao mundo, haja vista o crime feminicídio...
e/ou as Musas decapitadas...
III
Tenho
a Liberdade por escolha. Sempre fiel, ao meu pendão! A sós, confesso, atravessei sendas. Tortuosos caminhos... Não que a solidão fosse causa. Não que homem não fosse o gosto.
Não que os companheiros negassem o fogo. Sim, fiel a mim mesma! Com um cantinho todo meu... Com coração, pena, esta vontade de ser!...
IV
Ó
poesia, o porquê eu ser assim, despudoradamente insana, sei usar
a minha pineal e aprimorar os sonhos... Louca, eu? Apenas, não sou hipócrita! Solto a voz, desatinada. Obstinada. Para que
outra sobrevivente queira, em fim, ouvi-la e
senti-la, e
V
estender-me-á um abraço forte na forma de um flamingo
alçando voo!...
VI
Ou
de um barco de curumim deslizando em rio bravo, na imensidão da floresta!
VII
...
em pleno século 21, em tempo: estou viva!
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