Foto: Amoras.
COM VOCÊ
Vanda Lúcia da Costa Salles
Minha boca saliva amor
mora
amor
amora
Minh'alma cativa aroma
flor
aro
de amor
Minha vida na lida: fervor
amoras
amoras
amoras
humshumshmshums
( porque ninguém é de ferro!)
nº01 ENTIDADE NACIONAL DE LITERATURA, ARTES,CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO Fundadora e Diretora: Profª Vanda Lúcia da Costa Salles
domingo, 23 de dezembro de 2012
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
CRÔNICA: DENTRO DE NÓS - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES
Foto: Maria Amaral Ferreira ( Maria Salles), por Vanda Lúcia da Costa Salles (poeta Vanda Salles)
DENTRO DE NÓS
Vanda Lúcia da Costa Salles
Em momentos que a mente acaricia, sei que vives, com esse ar de Dama Antiga e dissimulada porque
sabes que a saudade brota gerânios, tulipas e hortelãs. Como grapete, nomeada era e os netos vinham saber dos causos e namoricos de adolescentes. E ficávamos sorrisos largos, a retirar os cabinhos das pimentas malaguetas ou a formar, peça a peça, a beleza de um fuxico.
De certo que a dúvida nunca adentrava o afã do peito amante, dançando um samba ou um cateretê. Então, dizias, em tardes de veranico, "a maresia entorna o caldo do pirão de carapeba, moreno, prepara a lenha que o fogo já nos convida". E toda faceira, alisava os lençóis.
Um dois, três, quatro, cinco, seis filhos seus e mais três de quebra no angu do tacho criados com tapioca, violão e rede. " Neném que o diga, Josias nada sabe do clarão da Lua quando a noite brilhava encanto. Vanda, tão bom seria se tivéssemos um tapete voador, não?" Imaginar nem era preciso, sabíamos que do sonho era a vantagem do guia. Seguíamos pegadas.
Pintora fosse, falou um dia, chuva caindo fininha como agulha perdida na cegueira do olhar, " eu pintava a flor, delicada flor, e enfeitava a casa de Seu João Aleijadinho. O pobre, mal consegue respirar, mas também uma solidão tão torta, que nem cal as paredes aceitam. Cotiado, diz caminhar nas horas." Ouvido atento, dentro de nós, a admiração se expandia como pé de samambaia ou cortadeira chorona. Ah! Senhora de toda nossa vida e matriz de mim, como sufocar a ausência que deixaste nessa casa com portão verde floresta e uma biblioteca comunitária num desejo todo próprio do projeto firmar?
Num cavalinho branco que penso ser o unicórnio azul de teus sonhos de menina ( o qual, contaste oras a fio, enovelando as nossas cabeças fantasiadas de colombinas, em uma noite de Carnaval passado em Balneário de São Pedro D'aldeia), partistes, como quem parte desejando boa-noite e no dia seguinte viesse convidativa para um banho de mar, nas Dunas ou no Farol.
Às vezes, ao ler sobre o Egito Antigo ou O Alienista, de Machado de Assis, creio vê-la ao meu lado, tão dentro de nós, em sorriso de coqueteria, "ainda serás, uma grande, mais grande professora e eu, apenas a mãe".
Chamava-se Maria Amaral Ferreira, neta do Capitão Costa, filha de Olívia da Costa amara, e amava poesia.
DENTRO DE NÓS
Vanda Lúcia da Costa Salles
Em momentos que a mente acaricia, sei que vives, com esse ar de Dama Antiga e dissimulada porque
sabes que a saudade brota gerânios, tulipas e hortelãs. Como grapete, nomeada era e os netos vinham saber dos causos e namoricos de adolescentes. E ficávamos sorrisos largos, a retirar os cabinhos das pimentas malaguetas ou a formar, peça a peça, a beleza de um fuxico.
De certo que a dúvida nunca adentrava o afã do peito amante, dançando um samba ou um cateretê. Então, dizias, em tardes de veranico, "a maresia entorna o caldo do pirão de carapeba, moreno, prepara a lenha que o fogo já nos convida". E toda faceira, alisava os lençóis.
Um dois, três, quatro, cinco, seis filhos seus e mais três de quebra no angu do tacho criados com tapioca, violão e rede. " Neném que o diga, Josias nada sabe do clarão da Lua quando a noite brilhava encanto. Vanda, tão bom seria se tivéssemos um tapete voador, não?" Imaginar nem era preciso, sabíamos que do sonho era a vantagem do guia. Seguíamos pegadas.
Pintora fosse, falou um dia, chuva caindo fininha como agulha perdida na cegueira do olhar, " eu pintava a flor, delicada flor, e enfeitava a casa de Seu João Aleijadinho. O pobre, mal consegue respirar, mas também uma solidão tão torta, que nem cal as paredes aceitam. Cotiado, diz caminhar nas horas." Ouvido atento, dentro de nós, a admiração se expandia como pé de samambaia ou cortadeira chorona. Ah! Senhora de toda nossa vida e matriz de mim, como sufocar a ausência que deixaste nessa casa com portão verde floresta e uma biblioteca comunitária num desejo todo próprio do projeto firmar?
Num cavalinho branco que penso ser o unicórnio azul de teus sonhos de menina ( o qual, contaste oras a fio, enovelando as nossas cabeças fantasiadas de colombinas, em uma noite de Carnaval passado em Balneário de São Pedro D'aldeia), partistes, como quem parte desejando boa-noite e no dia seguinte viesse convidativa para um banho de mar, nas Dunas ou no Farol.
Às vezes, ao ler sobre o Egito Antigo ou O Alienista, de Machado de Assis, creio vê-la ao meu lado, tão dentro de nós, em sorriso de coqueteria, "ainda serás, uma grande, mais grande professora e eu, apenas a mãe".
Chamava-se Maria Amaral Ferreira, neta do Capitão Costa, filha de Olívia da Costa amara, e amava poesia.
domingo, 21 de outubro de 2012
POESIA: UM BEIJO SÓ - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES
UM BEIJO SÓ
Vanda Lúcia da Costa Salles
Lindos e entristecidos estavam
como se a chaga não recebesse o bálsamo
como se o sorriso não alcançasse a luz
como se a vida não soubesse
que um beijo só bastaria
para que o sonho
tangesse o bandolim
sábado, 6 de outubro de 2012
CRÔNICA: A MULHER QUE ESTUDAVA A FUNÇÃO DE MORSE AO REDOR DA ORIGEM - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES
Foto: pássaros
A MULHER QUE ESTUDAVA A FUNÇÃO DE MORSE AO REDOR DA ORIGEM
Vanda Lúcia da Costa Salles
Ela sabia que usava números. Ao longo de sua vida, disseram a ela que a suavidade das coisas nem sempre estabeleceriam o valor dos acontecimentos e muito menos o prolongamento de seus avessos. Os avessos, para ela, sempre foram números impessoais na teoria das singularidades porque o que dominava mesmo era a variante local das interpessoalidades.
Naquele dia estranhável, decidira que em sala de aula ousaria aplicar e classificar as patologias decorrentes da ausência de afetividade de uma inversa local ao redor de um determinado ponto do domínio de uma função diferenciável a uma emoção qualquer. Nunca saberia da possibilidade... Ah! se não fosse a chuva torrente que caía.
Ao descer do ônibus na esquina da escola ( ela andava de ônibus porque seu dinheiro de professora não cabia no orçamento de um carro particular) percebeu duas enormes poças d'água enlameadoras e ameaçadoras. Dito e feito na composição de sua intuição, fora banhada cabeça aos pés pelas águas impuras da dita poça. quando um outro ônibus acelerado e acelerando propositalmente, o motorista sorrira insano pelo prazer de vê-la, ali, estupidamente gelada. Mal pensou, esqueceu completamente as aulas que daria, além da construção neuroestética pelo prazer em que estudava a função de Morse ao redor da origem.
No mesmo passo que vinha, voltou. Subiu na primeira condução que a levasse para o aconchego do lar. Sentia uma emoção nervosa e dolorida no desconforto da roupa molhada e uma indignação ou melhor, uma impotência diante da lembrança do sorriso perverso do trabalhador daquela viação 04.
Alguém que a observara da janela, quebrando o silêncio dos passageiros, indagou-lhe curioso:
- Então Senhora, seus alunos ficarão sem aulas hoje?
- O Senhor viu o que aconteceu? Impossível, não?!
Simultâneo ao diálogo, adentra apressada nesse outro ônibus uma Senhora loura, encharcada da chuva que caía, torrencialmente, parecendo anunciar um dilúvio. E pede ao motorista uma carona porque não tinha condições de pagar a passagem para chegar até a cidade do Alcântara, pois se faltasse não conseguiria o emprego combinado, dizia ela, que o dia anterior havia tido febre de 39 graus. O motorista achando que era caô, negou, é claro. Ela insistiu, o trabalhador negou, explicando que se lhe deixasse atravessar a roleta, ele é quem teria que pagar a passagem no valor de dois e sessenta centavos. Pensei, que cacete é a vida de um trabalhador com salário mínimo, chegar no dia 20 do mês e não ter dois e sessenta centavos para uma passagem, que país é esse? O meu, é claro. Diante do silêncio profundo produzido pela Senhora que ajoelhada, pedia, implorava, minha voz rouca e forte se fez ouvir: motorista deixe-a passar, eu contribuo com dois e quarenta centavos, é tudo o que tenho na bolsa. Quem pode inteirar quarenta centavos?
Uma Senhora Negra puxou uma pequenina bolsa e ofertou duas pratinhas de vinte centavos. Entre os 18 passageiros, somente ela sabia de empatia à causa da dignidade de uma trabalhadora em um dia nefasto, porque " isso também já aconteceu comigo". E a nova passageira, agradecida e agradecendo com seus olhos azuis marejado de lágrimas, explicava a nós duas:
- Pedi tanto a Deus enquanto caminhava e decidi pela carona nesse ônibus, que enviasse um anjo em meu auxílio. Veja, Deus atendeu as minhas preces. Em vez de um, enviou-me dois anjos, agora sei que ficarei no emprego que vou ver para mim.
Dentro daquela lotação, vinte e uma pessoas aprenderiam, cada uma com a sua percepção, a importância invertível, ao descrever o dia, via mudança suave de coordenadas.
domingo, 30 de setembro de 2012
POESIA: NO OLHAR DA JACUTINGA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
NO OLHAR DA JACUTINGA
Por: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
o sonho desdobras em sua garganta azul
delicadamente
da palavra preservada, o amor quis
somente como semente
o toque harmonioso das línguas
no olhar da jacutinga
um outro olhar que vê
o que se quer dizer:
não a extinção!
e se a vida desse forma, seríamos uma poesia?
a ti, oferecida está minha linda acatinga
cravejada de itapirangas
com provocantes
ubatubas
circundadas de itatinga
nesse chão de ibiúna onde corre alta
maracanatuba
pacatuba
piratuba
e até
um quê de leve que me causa, e piando firme
na matula trago afagos
sei que sou apenas um selvagem
um joão-ninguém
um sonhador
que apenas conhece cada folha da floresta em que vive
e medra a flor, tão livre flor
como a graúna que pia forte
e destemida voa
num galope só
e se nada sei dessa civilização
que renega a nossa condição
no olhar da jacutinga
o colorido da mata, e nesse olhar
um quê de leve que me causa
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
DA POÉTICA DE ROSANE SALLES E A QUALIDADE PSÍQUICA
Foto: Rosane Salles Silva Souza, por Vanda Lúcia da Costa
DA POÉTICA DE ROSANE SALLES E A QUALIDADE PSÍQUICA ATRAVÉS DE BONECOS DE PANOS
" É emocionante ver como as crianças desenvolvem maior concentração e motivação para criarem através de seus bonecos de panos, brincadeiras, histórias que compartilham com toda a sua criatividade e alegria. Assim as pensei e criei."
BONECA DE PANO I - A QUE CONTA HISTÓRIAS
BONECO DE PANO II - PARA A CRIANÇA ELIAS
BONECO DE PANO III - PARA A CRIANÇA ISAIAS
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
POESIA: SENÃO QUANDO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: Maçãs
SENÃO QUANDO
Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
um ato bobo
este
de pensar
na vida
e que
a vida
de súbito
floresça
o que há de imprimir
e forme
a fruta
que ague
a boca faminta
e este gosto
de pássaro ser
( Alcântara-São Gonçalo, 03 de setembro de 2012)
SENÃO QUANDO
Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
um ato bobo
este
de pensar
na vida
e que
a vida
de súbito
floresça
o que há de imprimir
e forme
a fruta
que ague
a boca faminta
e este gosto
de pássaro ser
( Alcântara-São Gonçalo, 03 de setembro de 2012)
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