quarta-feira, 13 de março de 2013

POESIA: LEMBRANÇAS - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES

Foto: guitarras portuguesas




LEMBRANÇAS


            Vanda Lúcia da Costa Salles




o baile rítmico extasiava,
em prosa,
bailávamos em rimas,
no enlace : tempo e vida,
na contra-dança o corre-corre,
ávidos tal guitarras portuguesas
em acordes ciganos
nosso amor
desconcertou o fole


rabeca enlouquecida
aguerrida
desafiou bandolim
mas a cuíca  rebelde,
 precavida,
lascou um beijo no argumento
e um sambinha lento,
de quintal,
amorenou a tarde no coreto cheinho de fitas.


você sabia
e sempre soube, o que nos causa
não é o som,
mas sim o pretexto
da sinfonia

e se a boca água
lembrança boa escorre,
cascata é coisa que lambe a mocidade.





segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

POESIA: HIPOMOEA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES





                   HIPOMOEA





retoma-me a boca a voz
e excita a língua
a sua maneira
o que a delícia permeia
no dia,
breve,
tão breve,
esvai-se os grilos
e seus cris-cris


Esse ai dentro de mim tange a beleza das horas
é que a Alegria passeia
nesse jardim
que cultivas com alma e gozo.



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

DIVULGANDO: CONVOCATÓRIA PARA ANTOLOGIA " MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS"




                                     POETAS PARTICIPEM!!!




 Por favor divulguem essa :   MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS

    Diçercy Adler, psicóloga e poeta, está organizando, com o Instituto Histórico e Geográfico de São Luiz, Maranhão, a Antologia MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS.

A participação é sem ônus para os poetas. A Antologia terá lançamento em 2013.  
        NOVO PRAZO PARA ENVIO: 31/03/2013 OU ATÉ COMPLETAR OS MIL POEMAS.
                                 
        
                                            NORMAS DOS TRABALHOS:


a) A Antologia: " MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS"


Cada poeta poderá apresentar até cinco poemas homenageando GONÇALVES DIAS.  Formato A4, times New Roman, tamanho 12, espaço 1,0.


- enviar adjunto currículo literário resumido ( no máximo 6 linhas), em que conste data de nascimento, cidade e país de origem; com foto atualizada.

- a aceitação dar-se-á na ordem de recebimento da (s) obra (s), até se completarem os 1000 ( mil) poemas, um mesmo autor poderá mandar uma poesia, caso queira enviar outra obra posteriormente, dentro do limite de 5 (cinco) , por poeta, poderá fazê-lo, indicando que já enviou uma primeira obra, sendo colocada todas juntas

 
Envio de Poesias para: dilercy@hotmail.com
                ESTUDOS E PESQUISAS:


- cada autor ou co-autor poderá enviar até 2 (dois) textos, com o máximo de 20 (vinte) páginas, formato A4, time New Roman, tamanho 12, espaço 1,0, incluindo bibliografia e foto.

- a publicação se dará na ordem de chegada.


- ao enviar sua obra, deverá vir acompanhada de pequena bio-bliografia, com foto atualizada, em que conste o motivo de participar da antologia: cidade e país de origem.-

Envio de Trabalhos para: vazleopoldo@hotmail.com


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

POESIA: PÁSSARO-DE-FOGO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES









PÁSSARO-DE-FOGO







                                      Vanda Lúcia da Costa Salles




I


de um jeito terno e intrépido
cai
 néctar
e
a liberdade
na
pele
intacta
da
flor



II


por sobre suas pétalas passeia
o sol, e
se delicia com um pulsar amoroso
de coisas
que
elevam
a
vida
que
encrespam
as
ondas
que
gotejam
esse
 mar, enfim




III

amar, o que a floresta gesta
no silêncio
de sua 
glória, ali há pré-amar



IV


és  pássaro-de-fogo, um sonho assim
como quis
o
sonhador
em ti
e
esta lágrima que em mim
alucina-me
face, e


V

 no esplendor desse arco-íris
bem sabes,
a poesia,
não é pra  um qualquer


VI

se palavras o vento levam,
o que fica, então, se de
palavras vive
quem
de brisa
sabe
o que a flor
mira
na aguçada paisagem ?


VII


alvoroço
no
voo
da
palavra
que
cai
como pétalas de um pássaro-de-fogo






domingo, 30 de dezembro de 2012

POESIA: ARRANJOS FLORAIS - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES




ARRANJOS FLORAIS

   
                               VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES



I

alguns capítulos tão nosso,
nesse jardim
em que as mulheres semeiam
açucenas,
violetas,
peônias,
amapolas,
petúnias,
papolas
e entre sementes
inúmeras pétalas
perfumam as mãos que
cálidas cultivam
o amor
quando azaléas
e amarílis
fincam no solo
a Esperança flor,
assim escrevo o enleio... Na possibilidade de...


II

um livro aberto a celebrar suas páginas,
tão prenhe de prímulas,
vazadas na luz de teu sorriso de artesã do tempo,
surge ávida: linguagem


III

... sabemos que no invisível, escrito está


IV


amor & vida & todos os sonhos como folha acariciando o rebento


V

e no raio da circunferência desses arranjos florais,
das rosas,
jamais esqueças


VI


só por que comemos da romã as sementes,
não significa
que o brote não vivifique
nem que a água translúcida
impregne as pedras e brote Liberdade, com afinco
do querer

VII

- Saberias, de fato, o que a vida oferta-te nesse instante preciso?






VII

- Saberias, de fato, o que a vida oferta-te, nesse instante preciso?





domingo, 23 de dezembro de 2012

POESIA: COM VOCÊ - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES

Foto: Amoras.




COM VOCÊ


                    Vanda Lúcia da Costa Salles



           Minha boca saliva amor
                 mora
                    amor
                         amora

          Minh'alma cativa aroma
                   flor
                     aro
                         de amor
                             

          Minha vida na lida: fervor
                       amoras
                         amoras
                            amoras
                     humshumshmshums  
                     
( porque ninguém é de ferro!)
                     
           

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

CRÔNICA: DENTRO DE NÓS - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES

Foto: Maria Amaral Ferreira ( Maria Salles), por Vanda Lúcia da Costa Salles (poeta Vanda Salles)

DENTRO DE NÓS

                              Vanda Lúcia da Costa Salles


     Em momentos que a mente acaricia, sei que vives, com esse ar de Dama Antiga e dissimulada porque
sabes que a saudade brota gerânios, tulipas e hortelãs. Como grapete, nomeada era e os netos vinham saber dos causos e namoricos de adolescentes. E ficávamos sorrisos largos, a retirar os cabinhos das pimentas malaguetas ou a formar, peça a peça, a beleza de um fuxico.
     De certo que a dúvida nunca adentrava o afã do peito amante, dançando um samba ou um cateretê. Então, dizias, em tardes de veranico, "a maresia entorna o caldo do pirão de carapeba, moreno, prepara a lenha que o fogo já nos convida". E toda faceira, alisava os lençóis.
     Um dois, três, quatro, cinco, seis filhos seus e mais três de quebra no angu do tacho criados com tapioca, violão e rede. " Neném que o diga, Josias nada sabe do clarão da Lua quando a noite brilhava encanto. Vanda, tão bom seria se tivéssemos um tapete voador, não?" Imaginar nem era preciso, sabíamos que do sonho era a vantagem do guia. Seguíamos pegadas.
     Pintora fosse,  falou um dia, chuva caindo fininha como agulha perdida na cegueira do olhar, " eu pintava a flor, delicada flor, e enfeitava a casa de Seu João Aleijadinho. O pobre, mal consegue respirar, mas também uma solidão tão torta, que nem cal as paredes aceitam. Cotiado, diz caminhar nas horas." Ouvido atento, dentro de nós, a admiração se expandia como pé de samambaia ou cortadeira chorona. Ah!  Senhora de toda nossa vida e matriz de mim, como sufocar a ausência que deixaste nessa casa com portão verde floresta e uma biblioteca comunitária num desejo todo próprio do projeto firmar?
     Num cavalinho branco que penso ser o unicórnio azul de teus sonhos de menina ( o qual, contaste oras a fio, enovelando as nossas cabeças fantasiadas de colombinas, em uma noite de Carnaval passado em Balneário de São Pedro D'aldeia), partistes, como quem parte desejando boa-noite e no dia seguinte viesse convidativa para um banho de mar, nas Dunas ou no Farol.
     Às vezes, ao ler sobre o Egito Antigo ou  O Alienista, de Machado de Assis, creio vê-la ao meu lado, tão dentro de nós, em sorriso de coqueteria, "ainda serás, uma grande, mais grande professora e eu, apenas a mãe".
     Chamava-se Maria Amaral Ferreira, neta do Capitão Costa, filha de Olívia da Costa amara, e amava poesia.