domingo, 8 de setembro de 2013

RAIMUNDO MEDEIROS : DONANA JANSEN E A ÁGUA ENCANADA






Foto:  O escritor Raimundo Medeiros e família

"ATO 1


A Inauguração dos Chafarizes


   Alguns segundos se passam quando escurece totalmente.
 Ainda no escuro do teatro ouvem-se vozes de dois narradores da história


Locutor - ( Voz de narrador 1)


        Corre o ano de 1855. Estamos em São Luís capital da Província do Maranhão. Ana Jansen Pereira e seu sócio, o comerciante Sr. José da Cunha Santos abastecem a cidade de São Luís com água limpa, de qualidade discutível. A água é retirada das fontes do Apicum, Mamoim nos arredores da cidade e da povoação Vinhais onde possuía terras do outro lado do Rio Anil.
        Na cidade a água é transportada em pipas através de carroças que circulam pelas ruas da cidade. A distribuição de casa em casa é feita pelos seus escravos que a vendem a 20 réis a lata.


Vai passando pelo cenário da praça, vendedores da cidade anunciando peixe, camarão seco, juçara e muitos outros produtos genuinamente maranhenses.

Locutor - ( Voz de narrador 2)


        Impulsionado pelos ideais liberais retorna ao Maranhão o engenheiro Raimundo Teixeira Mendes, formado pela Escola de Pontes e Calçadas de Paris, e assume através da  portaria de 03/04/1855 o cargo de Administrador de Obras Públicas.
Mais tarde dá passos importantes com a firme intenção de implantar a canalização da água em São Luís de maneira a melhorar as condições de higiene da água consumida pela população. Nesse sentido organiza a Companhia das Águas do Rio Anil com o apoio do presidente da Província.
        Teixeira Mendes acabou de concluir a obra de canalização de água do Rio Anil para vários chafarizes no centro da cidade. Ele está convidando autoridades e moradores da cidade para a grande inauguração hoje no Campo de Ourique.

Cenário

     Grande faixa no fundo escrito: COMPANHIA DE ÁGUAS DO ANI, ÁGUA PARA O POVO DE SÃO LUÍZ. Inauguração do chafariz do Largo do Quartel ou Campo de Ourique, em que estão presentes várias autoridades civis, militares e eclesiásticas, quando o engenheiro construtor da obra inicia um discurso explicando tecnicamente o que fez. O Presidente da Província faz suas considerações justificando a necessidade da obra.
No descerramento da placa comemorativa da inauguração uma ducha molha os presentes.


Outra faixa:  QUEREMOS ÁGUA BOA.

LOCUTOR ( Voz de narrador 1 )


        Senhoras e senhores depois da inauguração e de ouvirmos várias autoridades da capital do Maranhão nesta inauguração, temos o prazer de anunciar o engenheiro responsável pela obra. Homem de grande valor para nossa terra, pois já empreendeu em várias áreas como na navegação dos nossos rios, agora na canalização das águas do rio Anil.
       O nobre engenheiro caxiense é formado na Escola de Pontes e Calçadas de Paris na França. Com a palavra o Dr. Teixeira Mendes.


Dr. Teixeira Mendes tomando posição no palco como se fosse a tribuna. Prepara a garganta, tosse até iniciar, retira do paletó o discurso.


DR. TEIXEIRA MENDES (Lendo):


          Exmo Sr. presidente da Província do Maranhão Dr. Eduardo Olímpio Machado, Vossa Eminência Dom Manuel Joaquim da Silveira, bispo do Maranhão, Ilmo. Sr. presidente da Câmara, Manuel Pereira, digníssimo Sr. Antonio Beltrão, minhas senhoras e meus senhores. Povo da terra que amo, minha terra te quero bela.
         Fiz uma obra de engenharia auxiliado pelo colega Militar Tenente do Corpo de Engenheiros, Francisco Gomes de Sousa, a quem agradeço, neste momento a mais importantes do nosso tempo. Hoje com o evento da descoberta da eletricidade e sua facilidade de produzirmos, podemos colocar esta tecnologia a serviço da comodidade do homem.
        Sr. Presidente da Província, agradeço a confiança depositada em mim, quando colocou em minhas mãos a enorme responsabilidade de resolver este problema que tanto a população reclama. Acredito Sr. Presidente, que cumpri o que acertamos para canalizar a água do rio Anil até o centro da cidade, para melhoria da saúde da nossa população.


Voz interrompendo:  quem que comprá mingau de mio?  Só um reis o copo.


Dr. Teixeira Mendes :  Lá no sítio do Anil pertencente aos herdeiros da família Cascaes, instalamos uma prensa pra produzir uma queda de água.
  E com isto funciona?   Uma roda hidráulica aciona uma bomba hidráulica de chapeleta que elevará 13,2 litros por segundo a altura de 2.327 pés indo parar em um pequeno tanque, onde desemboca a água."



(In. RAIMUNDO MEDEIROS. DONANA JANSEN E A ÁGUA ENCANADA. Caxias: Gráfica e Editora JM, 2011, PP. 27 A 31)


       




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