quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

CONTO: O CURIBOCA E A CUMBUCA- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Vanda Lúcia da Costa Salles




O CURIBOCA E A CUMBUCA






O caraxué cantou no laranjal espremido por entre as folhas esconderijos. O curiboca foge de si mesmo. Colocara a mão em cumbuca e não sabia como sair.
A lenda narra que amarrou a liana aos pés e pulou o abismo. Evolou-se. No litigo bateu e o élan do corpo evaporou-se. Vergonha foi da insídia cometida. Deixou cair o escudo tribal.
Todos sabiam na tribo que seria assim. Estava escrito. Sua conduta exorbitante, sempre fora exercício de exibição e desgosto para a pequena indígena que o criara com profundo e infinito amor.
O escudo ficara entrincheirado entre as pedras. No alto, da Serra Barriga. Um tempo viria em que o Outro descobriria o segredo. Se segredo houvesse. Mas vovó Cambinda, calma esperava o curiboca e o seu amigo albino, confiante no sorriso do neto que a levaria aos parentes mais próximos, além mar. Viveria na América, sim senhor!
Estúpido preparara a armadilha para a anciã que sorria, aguardando o presente anunciado. O que ela não sabia era que ele a vendera ao branco albino, que se aproximava, remando lento, em sua velha canoa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário