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sexta-feira, 6 de abril de 2012

POESIA: UM GRÃO DE AREIA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)





UM GRÃO DE AREIA



VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



alimenta-se do grito
espelhado,
enigmático,
agônico,
estriônico,
que seja onda
esse som que resta ao grão,
em sua metamorfose


de areia
esculpido por vagas
e ventos e mais que seja
na onda
de marés,
gestos serpenteados
no gozo da flor
aberta a lírios e colibris


a tempestade em tormentas
nem sempre alcança o sonhador,
e se edifica
ou assim fica,
resta apenas,
um grão de areia... Nas mãos o afago,
e nos olhos que vê,
além da praia
(o arrebento de espumas pulverizando)
os desenganos
rochedos de poesias... E na língua, o acre-doce sabor!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

BREVE LANÇAMENTO: NÚNCIA POÉTICA- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Capa do livro NÚNCIA POÉTICA, de Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)



NÚNCIA POÉTICA*



VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)


Do caos
essa núncia poética buquê
requer diálogo com o mistério do mundo.



Da cosmovisão
se a flor, a folha úmida, as borboletas
e o livro aberto.



De/vês restasse o som
e na possibilidade da mão
a escrita como capim verde.



Na folha úmida, larvas
pintassilgos, canário-belgas e ararajubas
uma rã coaxa a graça de um alecrim
e um ai em mim estala.



Só a poesia busca a delicada semente em um amante peito, creio
o cheiro da terra molhada espalha-se
em chuva olho-de-gato azul.




No ar o infinito no céu de sua língua
preserva-se semente brota a evidência
do que é humano e falho.





Anseio no ser (d) escrever o valo de estrelas
na menina do olho n’água escorre
essa Luz/Conhecimento
da energia concentrada e de um miosótis
vale a pergunta que inunda o fruto aberto.



Se somente sabemos o que aprendemos no despertar...
Se Literatura pura não há...
O que há é um coexistencialismo estético
que co(n)vida a vida ao livre pensar.




Será que uma compreensão, um toque
que toque nos reflexos
mudaria o ato de pensar?







* Poesia publicada na contra-capa do livro NÚNCIA POÉTICA.




** VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES:BIOGRAFIA:
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES - É escritora, poeta, ensaísta, artista plástica e tradutora. Nasceu em Italva (RJ), Brasil, em 25 de abril de 1956, às 2:30 de uma tarde chuvosa de uma quarta-feira. Graduada em Letras/Português-literaturas em Língua Portuguesa pela Univesidade do Estado do Rio de Janeiro ( UERJ/FFP-SG, 1991),Pós-Graduada em: Literatura Infanto-juvenil pela Universidade Federal Fluminense (UFF,1992) e Arteterapia na Saúde e na Educação pela Universidade Candido Mendes (UCAM,2000).Diretora Internacional do T.A.A.R- Alitas de América-Argentina, no Brasil. E Fundadora e Diretora Geral do ENLACE-MPME : MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO (BRASIL). Designada pelo Diretor e Fundador do Museu Particular General Belgrano, o Dr. Ricardo Vitiritti, com o título de Catedrática Oficial de Literatura nessa entidade, em 11 de outubro de 2008.
BIBLIOGRAFIA:

* CATACRESE (contos, 1983), edição em mimeógrafo.

* NEBE- A EMOÇÃO DO MUNDO ( Literatura Infanto-juvenil,1992)- em serigrafia. Menção Honrosa na V Bienal Internacional do Rio-Centro, no Rio de Janeiro, pela Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro,
* NO TEMPO DISTRAÍDO (narrativas, 2001, Ágora da Ilha),

* DIVERSIDADE E LOUCURAS EM OBRAS DE ARTE- Um Estudo em Arteterapia (ensaios, 2002, Ágora da Ilha),

* A PALAVRA DO MENINO E AS ABOBRINHAS ( infanto-juvenil, 2005, HP Editora),

* O CHAMADO DAS MUSAS. PÔ-ÉTICA HUMANA: O Enigma do Recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira (pesquisa em arte e educação, 2008, Creadores Argentinos, Buenos Aires)- co-autoria com a poeta Silvia Aida Catalán;

* NÚNCIA POÉTICA (poesias, CBJE,2010).
* UNIVERSO SECRETO: Entre o Abismo e a Montanha (contos, Virtualbook Editora,2011)

ANTOLOGIAS QUE PARTICIPA:

* OS MELHORES POETAS BRASILEIROS HOJE/1985 ( RJ: Shogum Editora, 1985),

* III ENCUENTRO NACIONAL E INTERNACIONAL DE NARRADORES Y POETAS - "Unidos por las Letras"-2009, Bialet Massé (Córdoba-Argentina,2009),

* POESÍA EN TRÁNSITO/POESIA EM TRÂNSITO: Argentina-Brasil, bilingue, ( Buenos Aires, La Luna Que, 2009),

*"SER VOZ EN EL SILENCIO" - 1ª ANTOLOGÍA NACIONAL Y INTERNACIONAL 2010 - S.A.L.A.C. - Villa Carlos Paz (c.ba), Argentina, 2010.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SEJAM TODOS CONVIDADOS/SEA TODOS ENVITADOS



Foto propaganda por: ANDRÉ LUIZ DUARTE, a pedido de Vanda Lúcia da Costa Salles



"... O MEU REBENTO ESTÁ ALGRE NA VIDA... APESAR DA LUTA, PORQUE A POESIA SE REVELA INTENSA E GRANDE..."


VS

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BREVE LANÇAMENTO NO CAFÉ LITERÁRIO: UNIVERSO SECRETO, DE VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)


Foto: Livro(contos,Virtualbook,2011), da escritora brasileira VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES.




JOÃO FURA- OLHO E MARIA OLHUDA



... Vejo sempre no viés do espelho esquecido no lago em
que Narciso banhou-se menino ainda, a imagem e voz, que se
repetem às tontas, de João Fura-Olho e Maria Olhuda...
Ambos, escandalosamente, negativos nos soluços de uma
miséria existencial que nem o buraco negro quis engolir... E
aqui, desovou-se em vida... Para alegria de alguns.
Naquele ranhoso dia, beliscando as Parcas, gritaram
bichos:, na expressividade da língua portuguesa, minha
paixão e vida:
- Pagou as contas? Pago eu não! – Diante do caixão
da filha única que falecera de desgosto oriundo da indiferença
familiar, a pouco instante, na hora do parto. E diante de todos,
abandonaram a neta recém nascida, sem um pingo de remorso
ou trauma.
- Eles foram capazes disso?! – Mamãe, olhando
firmemente em meus olhos confirmava calma, afagando-me a
face.
- Os dois se mereciam! – explicava mamãe
convicta.
No plano da memória, preciosas sinapses enlaçam a
teia, e eis que surgem lembranças ternas, apesar dos fatos
mirabolantes e gananciosos, desses propínquos ancestrais.
Parentes próximos, mamãe dizia que eles não eram
desse mundo, e sim, de um outro destituido de valores éticos
e principios básicos, como amor ao próximo ou empatia a
dor humana.
Assim, só pensavam em terras, terras e mais terras…
Até que receberam-na por latifúndio.


( In.: SALLES, Vanda Lúcia da Costa. UNIVERSO SECRETO (Entre o Abismo e a Montanha),Virtualbook,MG:2011).

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

OBRA MAGNA: CAFÉ LITERÁRIO - MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO



Na Foto: A escritora, artista plástica e MEI : VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES, com o seu:



CAFÉ LITERÁRIO - MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO

VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES -MEI
EVENTOS E COMÉRCIO DE OBJETOS DE ARTE

AV. MARICÁ, 3314- LOJA
ALCÂNTARA- SÃO GONÇALO - RJ - BRASIL
CEP 24710-341

TEL.: (21) 77.30.67.04





Foto: Por Rosane Salles Silva











BIBLIOTECA COMUNITÁRIA MARIA AMARAL FERREIRA (IN MEMORIAM):






"UM SONHO É A APROPRIAÇÃO DO QUE MAIS DE HUMANO HÁ NO SER...”

Vanda Lúcia da Costa Salles-BRASIL




ALFABETIZAÇÃO


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)




Curumim falou
que a floresta pia
pássaros livres

Imaginem! Imaginem!

Se POVO ave!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

POESIA: O LAÇO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)


Foto: Multiverse




O LAÇO


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)


era um Sol
iluminado de vida
no fundo desse amor
que se fez
na ligação dos instantes: a consciência aflorou-se a mim.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ATENÇÃO!!!! AOS AMIGOS POETAS, PINTORES, EDUCADORES E DEMAIS ARTISTAS



Foto: Opera House -Sydney




O NOSSO SITE AGORA É:


http://enlace.no.comunidades.net/
ou
http://www.enlace.no.comunidades.net/



E NOSSA LOJA É:

VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES - MEI
EVENTOS( CAFÉ LITERÁRIO) E VENDAS DE OBJETOS DE ARTES ( LIVROS, TELAS PICTÓRICAS, ESCULTURA, POESIAS, ETC)

ALÉM DE UMA BIBLIOTECA COMUNITÁRIA:
MARIA AMARAL FERREIRA ( MARIA SALLES )- IN MEMORIAM

SITUA-SE:

AVENIDA MARICÁ, Nº 3314- LOJA
ALCÂNTARA- SÃO GONÇALO - RJ
BRASIL
CEP: 24.710.007

domingo, 7 de agosto de 2011

HOMENAGEM: O QUE É CONTO - NILTO MACIEL (BRASIL)*



Foto: Bandeira do Brasil




Foto: Nilto Maciel (Brasil)




O QUE É CONTO


NILTO MACIEL (BRASIL)



Os manuais e os dicionários de literatura ensinam que o conto deve ter em si um só drama, um só conflito, uma só unidade dramática, uma só história, uma só ação, uma única célula dramática. Por isso, o conto rejeita as digressões e as extrapolações, ou seja, o passado anterior ao episódio é irrelevante, assim como o são os sucessos posteriores. Sendo o tempo limitado ao momento do drama, também o espaço seria circunscrito a uma sala, um cômodo. Sendo tudo tão restrito, por que as personagens seriam muitas? E a linguagem do conto? A da concisão, com predomínio do diálogo. Chegado o epílogo, o contista há de ter guardado um enigma. Ou o desfecho inesperado, embora determinado desde o começo. E mais uma infinidade de regras, limites, modelos.

Se todos os contistas assim elaborassem contos, há muito teríamos deixado de lado esse gênero cada vez mais rico, por se empobrecer, se uniformizar. Pois não é difícil escrever conto com obediência ao enunciado nos manuais. Os próprios escritores de manuais, os dicionaristas, os professores de literatura, os estudiosos do conto seriam bons contistas. Bastava-lhes seguir o modelo. E assim se deu durante muito tempo. E assim se dá há muito tempo. Não se pode negar, no entanto, que bons contistas não se afastaram de todo (ou em todas as composições) desse molde. Machado de Assis elaborou contos de estrutura tradicional. Guimarães Rosa também. E tantos outros. Assim como escritores medíocres realizaram contos de forma nova, moderna ou revolucionária. Ou seja, o bom conto tanto pode se moldar na tradição como na inovação. Ou não se moldar a nada.

Wilson Martins, no artigo “Contistas”, fez estas observações: “Em termos de literatura, escrever um conto não é contar uma história por escrito — é contá-la com estilo literário, ou seja, com elegância linguística, verossimilhança, sábia estruturação no desenvolvimento da intriga, desenho convincente no caráter dos personagens e invenção de pormenores, tudo concorrendo para defini-lo como obra de arte literária. Também nessa arte tem validade a lei de economia segundo a qual a moeda má expulsa a boa: desanimado com a enxurrada de pseudocontos publicados por pseudocontistas, Mário de Andrade, em desespero de causa, declarou ser conto tudo o que os autores designam como conto – afirmação sarcástica cuja ironia passou larga e convenientemente despercebida, com este resultado inesperado e não menos irônico: passou a ser conto tudo o que se publicava como conto…”

Segundo Assis Brasil, em A nova literatura (Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana, 1973), o conto brasileiro se renovou com Samuel Rawet, cuja estréia se deu em 1956 na coleção Contos do Imigrante. E assim argumenta o crítico: “Aquela história linear, de começo, meio e fim, prima-pobre da novela e do romance, quebrava sua feição tradicional em busca de outros valores formais” (…) “o conto adquiria uma forma autônoma, não mais ligado ao convencional do enredo.”

Muitos são os contistas e poetas que mantinham engavetados (ou, melhor dizendo, arquivados em computador) seus escritos e, estimulados por leitores de sites e blogs (também escritores em potencial), resolveram publicar o primeiro livro. Alguns não vêm de muitas leituras, de muitos exercícios de escrita, ou leram e leem, apressadamente, tudo o que lhes aparece diante dos olhos, desde piadinhas e os chamados “contos eróticos” até clássicos da literatura universal. Leituras açodadas, sem anotações, sem consulta a dicionários, etc. A maioria desses novos escritores segue uma linha, um roteiro, uma estrada larga e longa, certos de que lhes espera a fama, a glória. Não conhecem as veredas, os atalhos, as pedras no meio do caminho, os córregos escondidos na mata. Muito menos os subterrâneos e os céus. Vão em procissão ou atrás do trio elétrico. Todos juntos, unidos, de mãos dadas. Seguem o padre, o pastor, o caminhão do som. Cantam o mesmo refrão. Estão na folia de reis ou na folia do carnaval. São foliões.

Poucos desses contistas e poetas novos vêm da leitura dos contos de fadas, dos poetas românticos, parnasianos e simbolistas, dos romancistas russos e franceses do século XIX, dos rabiscos na adolescência, dos primeiros versos na juventude, dos arremedos de contos e romances ao tempo da escola e da faculdade. Poucos se vão fazendo escritores. Sabem que não nascemos feitos, prontos. Muito menos que esse “estar pronto” (ou quase pronto) não se dá num passe de mágica.

Estreou em livro Graciliano Ramos aos 41 anos de idade. Isto não quer dizer que tenha começado a escrever tarde. O exercício de escrever está para o escritor como o exercício de andar e falar está para os recém-nascidos. O aprendizado faz-se lentamente. Escrever, no entanto, não é um mecanismo inerente a todos. Como não o é compor música ou pintar quadros. Exercitar o ato de escrever pode resultar num São Bernardo, após anos e anos de exercício contínuo, diário, quase febril. Ou pode redundar em historietas de gosto discutível. Isso quando o candidato a escritor é muito pretensioso. Quando não o é, termina escrevendo artigos ou reportagens. Se chegar a tanto.

A arte, ao contrário da ciência ou da sabedoria, é um mistério até para seu criador. Porque o artista é também um homem comum, embora momentaneamente arrebatado pelo mistério da arte. O artista não “entende” a arte que ele mesmo reflete, exceto no instante da “criação”, ou, melhor dizendo, da captação. Se o chamado artista entende sua chamada arte, nem ele nem ela são artista e arte. São copiadores, no pior dos casos, ou técnicos em escrever, no caso do simplesmente escritor. Ou apenas homens inteligentes. O artista não é necessariamente um homem inteligente.

O narrador (autor de prosa de ficção), como o poeta, é um curioso, um escavador, um repórter. Um vagabundo à cata de aventuras, de pessoas, de fatos. Para disso extrair a matéria-prima de suas “criações” ou “criaturas”. Os outros não percebem nada, porque, no máximo, veem. Ou não veem, porque não buscam ver.

Nenhum ficcionista cria tipos, inventa personagens. Se o fizesse, estaria abstraindo o homem e fracassaria como escritor. O que realiza é, primeiro, uma descoberta, porque o ser humano é sempre terra desconhecida. Descobre o seu semelhante. Crê na sua existência, como os navegadores antigos acreditavam nos mundos novos. E parte no seu rumo. E o explora, sozinho. Penetra-o, confunde-se com ele. Revela-o. O ficcionista é um revelador. De mundos reais e quase sempre ignorados.

A história curta, tradicionalmente conhecida como conto, não só tem servido de objeto de discussões de ficcionistas e teóricos da literatura em busca de definições, como tem dado ensejo a constantes rebatismos, mercê das transformações que tem sofrido. Muitos encontraram belas e grandiosas definições. Arranjar, porém, novos nomes para o gênero parece tarefa sem proveito. Porque a cada definição e a cada transformação seria preciso um novo batismo. Assim, o termo relato, se serve a Borges, não se amolda a Rubião. Até um mesmo escritor cultua o gênero sob diversas formas.

Todo contista sonhará escrever um grande romance? Contos mais longos seriam ensaios para romances? Talvez sim, inconscientemente. Ensaio que não deveria ser levado ao palco, sob pena de vaias do público. Os bons narradores escrevem contos ou romances e novelas. Nunca confundem alhos com bugalhos.

Talvez seja equivocada a ideia de unidade temática em livro de contos. Ora, uma peça curta, como conto e poema, será sempre uma peça curta, mesmo que momentaneamente inserida num volume junto a outras. Quando se fala de “Cantiga de esponsais”, pouco importa se foi publicada neste ou naquela coleção de Machado de Assis, embora só pudesse estar em Histórias sem data, porque assim o quis o autor. Mas isso não significa nada para o leitor (é de interesse do pesquisador, do estudioso, do historiador, etc).


Os gêneros literários estão em constante mutação e interligação. No Brasil ainda se praticam contos aos modos de Flaubert, Balzac, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Edgar Allan Poe, Maupassant, Tchecov e outros, todos diferentes entre si. Uns se perdem no meio do caminho e enveredam pela crônica. Outros querem escrever História, que também é crônica. Há até o conto-ensaio. A maioria, no entanto, permanece presa aos ditames do velho e bom realismo. Uns não se afastam do sertão ou do mundo rural. Outros se transviam pelos becos das urbes. Há os que não sabem de matos nem de ruas e preferem os meandros da mente. Uns leram muito, outros nada leram. Uns souberam vagar pelos abismos de Poe, pularam fora dos livros, outros permaneceram de olhos vidrados na paisagem aberta diante de suas janelas. Uns se exercitaram mais, outros se contentaram com os primeiros mugidos. Tem sido assim, é assim, será assim sempre.
Não há mais o conto, no sentido tradicional, dicionarizado do termo. Conto é apenas termo literário de manual e dicionário. Para orientação dos editores e dos professores de literatura. Quem disse que Machado só escreveu contos, romances, poemas e crônicas? Gilmar de Carvalho escreve legendas, Carlos Emílio escreve delírios verbais, Jorge Pieiro escreve contemas, outros querem imitar Maupassant ou Tchekov. O que importa não é a forma, se há atmosfera ou não, se há enredo ou não. Ser ou não ser conto, isto é lá para os filósofos. Importa ser arte literária.

In: http://raymundo-netto.blogspot.com/2011/04/momento-teorico-literario-o-que-e-conto.html

quarta-feira, 29 de junho de 2011

POESIA: QUANDO UMA AMIGA PASSEIA EM SAINT-MALO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)


Foto: Pôr-do-sol em Saint-Malo(França)


AH! QUANDO UMA AMIGA PASSEIA EM SAINT-MALO

À CHANTAL FOUCAULT (FRANÇA)

VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)


1


A poesia canta
surpresa
a alma delira:
uma gaivota pequena repousa sobre a cabeça de um grande escritor!
(a vida explode vivacidade)
Chateaubriand! ! Chateaubriand!




2

A sede é grande:
Como viver sem poesia?





3


se
Na imensidão de um por do sol
memórias brotam
nas pedras de granito cinza
esta jóia medieval
jornais são lidos
as crianças brincam
no Labirinto do Corsário
(O caminho é feito)
no Museu de História da Cidade
(Um vôo na imaginação)
sem olhar fatigado
nos abraços pernas e tumultos
O burburinho do dia:
contém
nas toras de madeira
o ímpeto das ondas ... Chantal passeia com um sorriso todo seu



AH! QUAND UNE AMIE PROMENADES À SAINT-MALO

A CHANTAL FOUCAULT (FRANÇA)

VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRÉSIL)

1

La poésie chante
surprise
l'âme des raves:
une petite mouette se repose sur la tête d'un grand écrivain!!!
(Vie explose vivacité)
Chateaubriand!! ! Chateaubriand!!!



2

La siège est grand:
Comment vivre sans poésie?





3

Si
Dans l'immensité d'un coucher de soleil
souvenirs germent
pierres de granit gris
ce joyau médiéval
les journaux sont lus
les enfants jouent
le Labyrinthe Du Corsaire
(Le chemin est faite)
Au Musée d’Histoire de la Ville
(um vol dans l’imagination)
ne cherchez pas plus fatigués
câlins jambes et tumultes
le buzz du jour:
contient des bûches de bois
l'élan des vagues ... Chantal promenades avec un sourire à toutes vos




*( In:Vanda Lúcia da Costa Salles, Dourada Cotovia, 2011)

*VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: nasceu em Italva, interior do Rio de Janeiro, Brasil, em 25 de abril de 1956. É escritora, poeta, ensaísta, artista plástica, tradutora e conferencista.Graduada em Letras/Português-literaturas, pela UERJ/FFP;Pós-Graduada em Literatura Infanto-Juvenil pela UFF;e em Arteterapia na Saúde e na Educação pela pela UCAM.Catedrática de Literatura do Museu Belgrano(Argentina), ortogada pelo Fundador e Diretor Dr. Ricardo Vitiritti; Diretora Internacional do Taller Artístico Alas Rotas-Alitas de América, nomeada pela Fundadora e Diretora Geral do T.A.A.R., em Argentina Srª Silvia Aida Catalán; Fundadora e Diretora do ENLACE MPME MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO.

Publicou: No tempo distraído (narrativas, Ágora da Ilha,2001),
Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (ensaio, Ágora da Ilha, 2001),
A palavra do menino e as abobrinhas ( infanto-juvenil), HP.Editora,2005), O chamado das musas.Pô-Ética Humana: o enigma do recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira(pesquisa poética em arte e educação, Creadores Argentinos, 2008; Núncia Poética (poesias, Cbje,2010).

Participa também das seguintes antologias:
Os melhores poetas brasileiros Hoje/1985(Shogum Editora, 1985), III Encuentro Nacional de Narradores y Poetas - Unidos por las Letras!-2009-Bialet Massé (Córdoba, Argentina,2009),
Poesia em Trânsito-Brasil/Argentina (La Luna Que, Buenos Aires, 2009, e
1º Antología Literaria Nacional e Internacional 2010 " Ser Voz en el Silencio, S.A.L.A.C. va.Carlos Paz, Córdoba-Argentina (Galia's, Editora Independiente,2010.

terça-feira, 28 de junho de 2011

POESIA: MILAGRE - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)*


Foto: Pintura de Vanda Lúcia da Costa Salles (Acervo da artista)




MILAGRE


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES(BRASIL)






Um peixe
repartido entre pães
sacia a fome
de quem sucumbia perdido da fé
posta ao Amor aguarda-se firme
compele à mesa quem
como o peixe
oferta-se
Sonho


Das Musas espera-se o convite!






*VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: nasceu em Italva, interior do Rio de Janeiro, Brasil, em 25 de abril de 1956. É escritora, poeta, ensaísta, artista plástica, tradutora e conferencista.Graduada em Letras/Português-literaturas, pela UERJ/FFP;Pós-Graduada em Literatura Infanto-Juvenil pela UFF;e em Arteterapia na Saúde e na Educação pela pela UCAM.Catedrática de Literatura do Museu Belgrano(Argentina), ortogada pelo Fundador e Diretor Dr. Ricardo Vitiritti; Diretora Internacional do Taller Artístico Alas Rotas-Alitas de América, nomeada pela Fundadora e Diretora Geral do T.A.A.R., em Argentina Srª Silvia Aida Catalán; Fundadora e Diretora do ENLACE MPME MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO. Publicou: No tempo distraído (narrativas, Ágora da Ilha,2001),Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (ensaio, Ágora da Ilha, 2001),A palavra do menino e as abobrinhas ( infanto-juvenil), HP.Editora,2005), O chamado das musas.Pô-Ética Humana: o enigma do recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira(pesquisa poética em arte e educação, Creadores Argentinos, 2008; Núncia Poética (poesias, Cbje,2010). Participa também das seguintes antologias: Os melhores poetas brasileiros Hoje/1985(Shogum Editora, 1985), III Encuentro Nacional de Narradores y Poetas - Unidos por las Letras!-2009-Bialet Massé (Córdoba, Argentina,2009), Poesia em Trânsito-Brasil/Argentina (La Luna Que, Buenos Aires, 2009, e 1º Antología Literaria Nacional e Internacional 2010 " Ser Voz en el Silencio, S.A.L.A.C. va.Carlos Paz, Córdoba-Argentina (Galia's, Editora Independiente,2010.

terça-feira, 21 de junho de 2011

HOMENAGEM: TRÍPTICO DOMÉSTICO NO FLUXO DO TEMPO... - FÁTIMA INÁCIO GOMES( PORTUGAL)



Foto: Pintura de Marek Langowski




TRÍPTICO DOMÉSTICO NO FLUXO DO TEMPO...


FÁTIMA INÁCIO GOMES (PORTUGAL)



1
No dia em que bateste
à porta, eu não estava.
Tinha-me ido visitar
lá para as bandas do fim
ou talvez te tivesses
enganado na porta
pois dificilmente
me acharás em mim.


Hoje tiveste sorte
não me apeteceu sair
encontras-me é, assim,
de robe, despenteada
não é este o modo
de receber, bem sei...
mas há dias em que
outra não sei parecer.


Entra e não repares
na grande desarrumação
arrumava-me por dentro
tenho ainda as ideias
espalhadas pelo chão.
Sê gentil e vê se me ajudas
Vê se reconheces os pedaços
Que são meus
Há tanta gente
a impor-me ideias
que já não distingo o que é meu.


Não há pão
para pôr na mesa
nada tenho
para te oferecer
consumi toda a água
que havia
na sede de sobreviver

Senta-te aqui no sofá
Ainda há partes de
Mim, estofadas.
Podem é as cortinas
Estar desbotadas
Por força de tanto as ter
Cerradas...


Sim, abrirei as janelas
Sim, deixarei a porta no trinco
Espanejarei a sala de visitas e
colocarei flores na jarra.
Sempre que quiseres vem visitar-me
Estarei por aqui
Mas quando o fizeres
Traz água, por favor...

Não deixemos
as flores
morrer.


2
Há muito que a Tristeza
habita em mim
e eu sem a querer receber
empurro-a pelas escadas
esmago-a contra os muros
da minha muito lúcida razão.


Ela resiste, tristonha,
Cola-se à alma rasgada
Alimenta-se do meu sofrer
E em cada sorriso qu' ensaio
Espreita
para me escarnecer

Há dias em que anoitece
Logo desde o amanhecer


Terei de lhe enviar um convite
Gentil, para Ela perceber
Qu'eu não fui feita para ser triste
Por isso não a posso receber

Mas se a impertinente demora
Poderá o dia chegar
Em que a tristeza de fora
Se instale de vez em mim
E não mais se queira mudar.

3
Apetece-me ser
Irreverente
Inconsequente
Imprudente
Viver a vida com furor
Mesmo arriscando à dor

Apetece-me saltar
Nas poças da vida
Perturbando a paz
Do gato da vizinha
- Não, minha senhora
Não me vou portar bem!
Esse fato não me quadra
Nem a hipocrisia da cor
Me convém!

E a cabeça da medusa
Desapareceu, confusa
Despida da maledicência
Já pouco poder tem.

E lá continuo eu, alegre,
Saltando nas poças da vida
E há momentos até
Que o gato da vizinha
Vem saltitar a meu pé.



IN:http://abnoxio.weblog.com.pt/arquivo/poesia_de_fatima_inacio_gomes/index0

quinta-feira, 16 de junho de 2011

POESIA: A VOCÊ, QUE NADA SABE DE MIM - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)*



Foto: Viagem romântica- Marek Langowiski



A VOCÊ, QUE NADA SABE DE MIM



VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)


Como perdoar-lhe o que em mim se fez olvido,
Ainda que o Amor se arraste como gata no cio?
Se a viagem romântica esgotou-se quando a onda amadureceu
porque as águas do rio não continuaram as mesmas,
entretanto, bem sabes,
a água permanece lá. Na boca, o gosto.
Se amargo na desilusão, agora flama livre na vida
E corre quaisquer correntezas e salta grande,
na imensidão do sonho elaborado.

Às vezes, ousar faz parte.


Ausência nem sempre é perda,
até nas mãos a rosa se cria,
perfume é lenta paisagem,
mas de mim terás sempre o olhar e o mesmo sorriso.
Saiba,
o tempo marcou forte o desejo


Inocência era o que exprimia no corpo,sereia,
mesmo sendo a cútis reveladora.
E aquela música linda na janela: crisântemos
pintam a Lua em fases. Só recordações espraiam-me, ó poesia!


Amor, por que não tivemos tempo no tempo, se
o tempo parou para nós?


*VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: nasceu em Italva, interior do Rio de Janeiro, Brasil, em 25 de abril de 1956. É escritora, poeta, ensaísta, artista plástica, tradutora e conferencista.Graduada em Letras/Português-literaturas, pela UERJ/FFP;Pós-Graduada em Literatura Infanto-Juvenil pela UFF;e em Arteterapia na Saúde e na Educação pela pela UCAM.Catedrática de Literatura do Museu Belgrano(Argentina), ortogada pelo Fundador e Diretor Dr. Ricardo Vitiritti; Diretora Internacional do Taller Artístico Alas Rotas-Alitas de América, nomeada pela Fundadora e Diretora Geral do T.A.A.R., em Argentina Srª Silvia Aida Catalán; Fundadora e Diretora do ENLACE MPME MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO. Publicou: No tempo distraído (narrativas, Ágora da Ilha,2001),Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (ensaio, Ágora da Ilha, 2001),A palavra do menino e as abobrinhas ( infanto-juvenil), HP.Editora,2005), O chamado das musas.Pô-Ética Humana: o enigma do recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira(pesquisa poética em arte e educação, Creadores Argentinos, 2008; Núncia Poética (poesias, Cbje,2010). Participa também das seguintes antologias: Os melhores poetas brasileiros Hoje/1985(Shogum Editora, 1985), III Encuentro Nacional de Narradores y Poetas - Unidos por las Letras!-2009-Bialet Massé (Córdoba, Argentina,2009), Poesia em Trânsito-Brasil/Argentina (La Luna Que, Buenos Aires, 2009, e 1º Antología Literaria Nacional e Internacional 2010 " Ser Voz en el Silencio, S.A.L.A.C. va.Carlos Paz, Córdoba-Argentina (Galia's, Editora Independiente,2010.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

POESIA: LABIRINTO MÁGICO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)*


Foto: Vanda Lúcia da Costa Salles (Buenos Aires-Argentina)




LABIRINTO MÁGICO

VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



as imagens mansas hospedam-se e formam
enformam desenformam conforme as retinas
informes nas formas não subtraem, apenas
confirmam se a sensibilidade, tão
viva e plena como os leques
exercitam a liberdade
nas mínimas coisas que tocam
a vida só nos regala o dom e a expansão
desse labirinto mágico
cá no dentro de nós: a visão e o gozo.






*VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: nasceu em Italva, interior do Rio de Janeiro, Brasil, em 25 de abril de 1956. É escritora, poeta, ensaísta, artista plástica, tradutora e conferencista.Graduada em Letras/Português-literaturas, pela UERJ/FFP;Pós-Graduada em Literatura Infanto-Juvenil pela UFF;e em Arteterapia na Saúde e na Educação pela pela UCAM.Catedrática de Literatura do Museu Belgrano(Argentina), ortogada pelo Fundador e Diretor Dr. Ricardo Vitiritti; Diretora Internacional do Taller Artístico Alas Rotas-Alitas de América, nomeada pela Fundadora e Diretora Geral do T.A.A.R., em Argentina Srª Silvia Aida Catalán; Fundadora e Diretora do ENLACE MPME MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO. Publicou: No tempo distraído (narrativas, Ágora da Ilha,2001),Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (ensaio, Ágora da Ilha, 2001),A palavra do menino e as abobrinhas ( infanto-juvenil), HP.Editora,2005), O chamado das musas.Pô-Ética Humana: o enigma do recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira(pesquisa poética em arte e educação, Creadores Argentinos, 2008; Núncia Poética (poesias, Cbje,2010). Participa também das seguintes antologias: Os melhores poetas brasileiros Hoje/1985(Shogum Editora, 1985), III Encuentro Nacional de Narradores y Poetas - Unidos por las Letras!-2009-Bialet Massé (Córdoba, Argentina,2009), Poesia em Trânsito-Brasil/Argentina (La Luna Que, Buenos Aires, 2009, e 1º Antología Literaria Nacional e Internacional 2010 " Ser Voz en el Silencio, S.A.L.A.C. va.Carlos Paz, Córdoba-Argentina (Galia's, Editora Independiente,2010.
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terça-feira, 31 de maio de 2011

MOMENTOS VIVIDOS: III ENCONTRO DE NARRADORES E POETAS EM BIALET MASSÉ -CÓRDOBA(ARGENTINA)

AGRADECEMOS A SENHORA DANIELA SELENE LORENZINI SÁNCHEZ (ARGENTINA) PELA BELEZA DESSE ENCONTRO: UM MARCO EM NOSSAS VIDAS.

http://lahoradelcuentobm.blogspot.com/









Foto: Vanda Lúcia da Costa Salles(Brasil) palestrando sobre






Foto: Narradores e poetas em Bialet Massé (Argentina)






Foto: Vanda Lúcia da Costa Salles(Brasil) e Silvia Aida Catalán (Argentina), apresentando seus livros.










Foto: Escritores participantes do III Encontro de Narradores e Poetas -Bialet Massé (Córdoba-Argentina)




Foto: Palestras





Foto: Apresentação de Livros





Foto:Diploma recebido por Vanda Lúcia da Costa Salles no III Encontro de Poetas e Narradores -Biallet Massé





Foto: Diploma recebido pel apresentação do livro O CHAMADO DAS MUSAS (livro de pesquisa com poesias de alunos brasileiros, em coolaboração com a poeta argentina Silvia Aida Catalán)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

POESIA: MENINA DE OLHOS NEGROS-VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)*



Foto: Ilha de Itaoquinha (São Gonçalo)



MENINA DOS OLHOS NEGROS


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



menina dos olhos negros
cabelos aos ventos
cai, levanta, corre na
beleza da imaginação
na Ilha de Itaoquinha.


menina dos olhos negros
vontade férrea de minh'alma
que canta alegre
em vida,
broto do Amor.


menina dos olhos negros
em forma de jabuticaba
A Arte bate na porta,
será que já é hora?



VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: nasceu em Italva, interior do Rio de Janeiro, Brasil, em 25 de abril de 1956. É escritora, poeta, ensaísta, artista plástica, tradutora e conferencista.Graduada em Letras/Português-literaturas, pela UERJ/FFP;Pós-Graduada em Literatura Infanto-Juvenil pela UFF;e em Arteterapia na Saúde e na Educação pela pela UCAM.Catedrática de Literatura do Museu Belgrano(Argentina), ortogada pelo Fundador e Diretor Dr. Ricardo Vitiritti; Diretora Internacional do Taller Artístico Alas Rotas-Alitas de América, nomeada pela Fundadora e Diretora Geral do T.A.A.R., em Argentina Srª Silvia Aida Catalán; Fundadora e Diretora do ENLACE MPME MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO. Publicou: No tempo distraído (narrativas, Ágora da Ilha,2001),Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (ensaio, Ágora da Ilha, 2001),A palavra do menino e as abobrinhas ( infanto-juvenil), HP.Editora,2005), O chamado das musas.Pô-Ética Humana: o enigma do recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira(pesquisa poética em arte e educação, Creadores Argentinos, 2008; Núncia Poética (poesias, Cbje,2010). Participa também das seguintes antologias: Os melhores poetas brasileiros Hoje/1985(Shogum Editora, 1985), III Encuentro Nacional de Narradores y Poetas - Unidos por las Letras!-2009-Bialet Massé (Córdoba, Argentina,2009), Poesia em Trânsito-Brasil/Argentina (La Luna Que, Buenos Aires, 2009, e 1º Antología Literaria Nacional e Internacional 2010 " Ser Voz en el Silencio, S.A.L.A.C. va.Carlos Paz, Córdoba-Argentina (Galia's, Editora Independiente,2010.
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sábado, 14 de maio de 2011

HOMENAGEM: ESTAÇÃO DOS HOMENS - ANDRÉE CHEDID (FRANCO-EGÍPCIA)*



Foto: Bandeira da França






Foto: Andrée Chedid (França)




SAISON DES HOMMES




Sachant qu’elle nous sera ôtée,
Je m’émerveille de croire en notre saison,
Et que nos cœurs chaque fois
Refusent l’ultime naufrage.
Que demain puisse compter,
Quand tout est abandon ;
Que nous soyons ensemble
Egarés et lucides,
Ardents et quotidiens,
Et que l’amour demeure après le discrédit.



Je m’émerveille du rêve qui sonde l’avenir,
Des soifs que rien ne désaltère.
Que nous soyons chasseurs et gibiers à la fois,
Gladiateurs d’infini et captifs d’un mirage.




Les dés étant formels et la mort souveraine,
Je m’émerveille de croire en notre saison.






SAÏD, O RAPAZ DO LAMPIÃO






Toni estava saturado de andar às voltas no templo de Karnak, no grupo dos turistas.
As sandálias cheias de areias e de pequenas pedras feriam-lhe os pés. A mãe tinha-o obrigado a vestir uns calções que lhe davam pelo joelho e a calçar peúgas caqui. O cúmulo do ridículo era aquele chapéu de palha de aba larga, para o proteger do sol; eles eram os únicos na família que tinham aquela cor delicada e muito branca, herdada de um antepassado longínquo, caucasiano.
Toni sentia-se ridículo dentro daquela indumentária e debaixo daquele chapéu.
A mãe virou para ele o seu lindo rosto redondo, encimado de um tufo de cabelos castanhos encaracolados sobre os quais assentava um chapéu parecido com o do filho.
— Anda depressa! Despacha-te, meu querido. Vamos perder-nos do grupo!
Era isso mesmo o que Toni queria: perder-se do grupo, deixar o cortejo, não ter de ouvir mais a voz fanhosa do guia! A cabeça do homem alto e esguio surgia num vai-vem ritmado sobre aquele mar de cabeças. Saltando do inglês para o alemão, depois para o francês, esforçava-se, em vão, através de verdadeiras proezas de memória e eloquência, por fazer reviver a antiga majestade e esplendor daqueles lugares.
— É o teu país, Toni. Tens de conhecer a sua história.
Grupos de crianças andrajosas assediavam amiúde os turistas. Com lamúrias e olhares suplicantes, as mãos erguidas em concha, pediam esmola com ar brincalhão, mas com tal insistência, que nada os fazia arredar dali.
O guia, esgotada a reserva de insultos e já fora de si, acabou aos pontapés àquele magote de miúdos. Rapidamente se juntaram a ele os turistas munidos dos seus enxota-moscas, que volteavam no ar e deixavam cair, com um estalido seco, em cima das crianças.
Até Noda assim procedia. Indignado, Toni arrancou o enxota-moscas das mãos da mãe e partiu-o com os pés.
— Como é que tens coragem de fazer isso, mãe?
Um rapazote com cerca de doze anos, de barrete azul-pervinca na cabeça, destacou-se do grupo. Baixou-se, apanhou o objecto partido e entregou-o à dona, murmurando: Maalesh, maalesh, (Não faz mal, não faz mal!) com um sorriso malandro e solícito, o que fez redobrar a vergonha de Toni.
Noda, que durante anos se interessara apenas por vestidos, festas e por tudo o que lhes dizia respeito, acabava de se apaixonar pela “cultura”. Estava na moda! Fosse no Egipto, na França, na Grécia, na Itália, percorria agora os museus e os recantos, a fotografar, sem descanso, tudo o que lhe aparecia pela frente e, no regresso, reunia família e amigos e massacrava-os com sessões intermináveis de projecção de diapositivos.
— Olha, se queres, empresto-te a minha máquina fotográfica — propôs ela ao filho para o cativar.
Ele simplesmente recusou. Só a ideia de juntar imagens insípidas às que já lá estavam, de achatar os monumentos eternos, de banalizar sóis e rostos de pedras, só isto o deixava enjoado.
Ao longe, ouviu o burburinho entusiasta da multidão, viu os rápidos e repetidos brilhos dos flashes, enquanto, recolhidas no silêncio de um outro mundo, as colossais estátuas mantinham o olhar fixo no horizonte.
O campo de ruínas estendia-se ao longe. Toni acabava de ver um obelisco que lhe fazia lembrar o da praça da Concórdia, em Paris. A mãe agarrou aquela oportunidade:
— Bravo, Toni! — encorajou-o ela, enquanto consultava o Guia Azul. — O obelisco de Paris foi oferecido à França em 1831 por Méhémet Alil. O outro que estás a ver além, a seguir às colunas, é o da rainha Hatchepsout.
Toni desatou a rir.
— Porque é que te ris?
— Nunca te ouviste a pronunciar esse nome esquisito, pois não?
Noda arrependeu-se de o ter trazido consigo naquelas férias da Páscoa; estragava-lhe qualquer prazer. Ainda fez uma ou duas tentativas para lhe explicar, ela, que tinha decorado tudo aquilo antes da viagem. Dramatizou a lenda de Amon, o deus dos deuses; deu vida à história de Ramsés II, o incomparável conquistador. Mas Toni não perdia aquele seu ar distante e indiferente.
Lembrou-se de que o filho era particularmente dotado para as matemáticas e, para o interessar, alinhou uma série de números e medidas.
— Sabes que um colosso sentado tem mais de quinze metros de altura? Que os pilares…
— O que é isso de pilares?
— São aquelas torres maciças erguidas de ambos os lados da porta de pedra. Pois bem, cada uma delas mede cento e treze metros de largura, quarenta e três metros e meio de altura e quinze metros de espessura. Vê só, Toni, quinze metros de espessura!
Mas Toni teria preferido percorrer as ruínas sozinho: trepar à vontade até ao cimo de um dos pilares para contemplar aquele domínio de morte e de sobrevivência; sentar-se no colo de um deus ou de uma deusa; encavalitar-se num dos quarenta carneiros alinhados de ambos os lados de uma alameda, e talvez mesmo refrescar-se na água do lago sagrado!
O crepúsculo cobria o céu. Preparava a sua resplandecente descida sobre aquele canteiro de ruínas. Se estivesse rodeado de silêncio, Toni teria certamente apreciado o final do dia no meio daqueles resplendores enigmáticos.
A visita guiada chegava ao fim. O azul do céu escureceu. Em breve surgiria uma plêiade de estrelas. No momento em que Noda subia para uma das muitas caleches que conduziam os turistas aos respectivos hotéis, Toni anunciou:
— Eu vou a pé. Não te preocupes; à hora de jantar, lá estarei.
Era demasiado tarde para o chamar. Depois de um último adeus, sumiu-se numa ruela, correndo em direcção à povoação mais próxima. Noda tranquilizou-se, dizendo a si própria que era uma atitude sensata alargar a rédea ao filho — sobretudo por coisa tão sem importância.
Ao ver o seu menino de costas, deu-se conta de que ele já tinha porte de homem!
Toni não fazia ideia do que iria encontrar.
Tirou o chapéu de palha, pô-lo debaixo do braço, achatando-o, e sacudiu a areia dos sapatos. Depois, afastou-se da terra, seguindo por uma vereda de asfalto. Até que enfim, ele próprio, solto, livre, feliz!
De longe, viu a grande estrada que conduzia ao Cairo, mas avançou na direcção oposta, rumo ao pontão que atravessa o canal e leva à aldeia de Luxor. Para o atravessar, seguiria as ruelas que tinha tirado do mapa do Guia Azul e anotado na sua agenda. Dirigir-se-ia assim, a passo lento, até ao Palace Hotel, onde a mãe o esperava para jantar.
De repente, sentiu um desejo enorme de se aproximar, de forma diferente, de algumas daquelas figuras colossais de esfinges de cabeça humana, que os turistas como que haviam apagado ou suprimido com tantos gestos e palavras. Toni afastou-se da pequena povoação. A cantarolar, seguiu a bifurcação no sentido do templo erguido não longe do Nilo.
No caminho deserto, iluminado por raros lampiões, percorreu, sozinho, o alto muro da muralha, encoberto pela noite. No final do caminho estreito, o quinto e último lampião abrigava, por detrás da caixa de vidro coberta de pó, uma luz bruxuleante, um pouco menos pálida do que as anteriores. Um círculo amarelado e luminoso, como se tivesse sido traçado a compasso, iluminava a parcela de terreno à volta do pé escurecido.
Encostada ao pé do candeeiro de ferro fundido, estava uma criança sentada de pernas cruzadas.
Ao aproximar-se, Toni reconheceu, pelo azul-pervinca do barrete, o rapazote que tinha apanhado o mata-moscas para o entregar a Noda.
Nenhum ruído o fazia reagir. Toni parou, esperou, procurou compreender o motivo daquela imobilidade.
Entre as pernas, colocado sobre as dobras da larga túnica raiada, Toni descobriu um livro aberto, aureolado de uma luminosidade difusa, onde o rapaz deslizava o seu indicador de uma linha à outra, decifrando as palavras com uma lentidão aplicada. Parecia saborear um alimento inestimável, saboreá-lo, mastigá-lo e por fim engoli-lo para lhe penetrar no sangue, fundir-se em carne e vivificá-la.
Por momentos, as costas arredondadas endireitavam-se, como se o leitor procurasse descansar os olhos. O pequeno erguia então o seu olhar para o templo e contemplava-o longamente, continuando a soletrar sílabas ou frases acabadas de aprender, para melhor as decorar.
Um profundo recolhimento emanava de toda a sua pessoa.
Toni fixava-o de longe, imóvel. Ouvia os batimentos do seu próprio coração. De repente, aquelas pedras, aquela busca, vindas do fundo dos tempos, conjugavam-se no presente. Num ápice, toda aquela História, toda aquela lenda se personificava no corpo franzino de um adolescente a decifrar caracteres.
Todas as tardes, Saïd escapulia-se da barafunda, dos balidos dos carneiros, dos vagidos das crianças, dos gritos que enchiam a sua agitada cabana. Em redor da lâmpada a petróleo, coabitavam, amontoados no único compartimento, pai, mãe, avós, os nove irmãos e irmãs, o burro e uma cabra. Todas as tardes, retomando a postura do escriba, Saïd colocava-se no centro do fraco círculo luminoso, para se concentrar na leitura: solto, livre, feliz. Finalmente à sua vontade!
Levado por uma sede singular, que os brilhos do dia e a esmola incerta não conseguiam satisfazer, o rapazinho procurava conhecer, descobrir, sem saber onde tudo aquilo iria conduzi-lo.
Ao fim de alguns instantes, Toni começou a caminhar na direcção do lampião. Em bicos de pés, conseguiu aproximar-se pelo estreito tapete de luz, e voltou a parar.
O outro reconheceu-o imediatamente e fez-lhe sinal que se sentasse a seu lado. Toni desembaraçou-se do chapéu, atirando-o para longe, pois dava-lhe um ar pateta e atinado de menino bem-nascido! Ao baixar-se, sentiu-se incomodado pela estreiteza do calção, que lhe deixava a descoberto coxas e joelhos. Sem prestar atenção a isso, Saïd pôs-lhe o braço sobre os ombros:
— Há palavras que eu não compreendo. Podes ajudar-me?
Toni disse que sim, com ar solícito.
Retomando a leitura, paravam ambos numa ou noutra palavra.
Depois voltavam a ler, divertiam-se a ritmar, a entoar frases, dando a cada sílaba inflexão e musicalidade.
Assim passou uma hora de agradável convivência. Subitamente, ao lembrar-se da mãe, Toni imaginou a sua preocupação: a sua agitação febril levá-la-ia a pôr toda a polícia à procura do filho. Explicou a Saïd porque é que tinha de partir sem demora. Ao levantar-se, remexeu no fundo dos bolsos, agarrou num punhado de pequenas moedas e ofereceu-lhas:
— Tu não és um turista, tu és um irmão! Leva isso! — replicou o outro num tom jovial, sem parecer ofendido. — Como te chamas?
— Toni. E tu?
— Saïd.
Então, também ele tirou do bolso um canivete velho e pediu a Toni que gravasse o seu nome no pé de aço negro do lampião— Assim, encontro-te todas as noites.
— Eu vou voltar.
— Estarei aqui neste lugar. Sempre aqui. Sempre. Até à entrada na faculdade… — Esperou, para ver o efeito daquelas palavras. — Vais ver como consigo!
— Acredito. Hás-de conseguir.
Saïd arrancou do caderno cor de malva uma página quadriculada e estendeu-lha:
— Guarda-a. Se, mais tarde, mudares… Se mudarmos, graças a esta folha, vamos reconhecer-nos em qualquer lado!
Ao afastar-se, Toni lembrou-se do chapéu de abas largas e voltou para trás. Apanhou-o e procurou escondê-lo atrás das costas. De repente, Saïd fez-lhe uma surpreendente proposta de troca:
— Tu ficas com o meu barrete e dás-me o teu! — A proposta parecia deslumbrá-lo. Saïd imaginava-se com aquele boné de turista, imaginava a curiosidade da família e do grupo de companheiros da mendicidade. Toni não se fez rogado. Na cabeça de cabelo rapado do seu novo amigo colocou o chapéu de palha que enterrou até às orelhas. Ajustou o barrete azul- pervinca e afastou-se, apressado, em direcção ao Palace Hotel.
Antes de entrar no hall, Toni teve o cuidado de enrolar o pequeno barrete de algodão e guardá-lo no bolso. Não tencionava revelar a Noda aquele seu encontro.
A mãe, mal o viu, correu para ele. Apertou-o nos braços, cobriu-o de beijos, assediou-o de perguntas, numa voz ofegante:
— Onde estiveste? Estava a ficar louca. Dez minutos mais e ia telefonar à polícia.
Respondeu-lhe num tom enfático que ela desconhecia:
— Estive a visitar os deuses!
— Os deuses?
— Até encontrei um escriba!
— Um escriba? Em Karnak, em Luxor? Estás enganado, Toni. Foi no museu do Cairo que viste o Escriba, de olhos de vidro. Lembras-te? Estávamos os dois.
— Não insistas, mamã: digo-te que vi um escriba.
— Bem, bem, seja como quiseres — disse ela, não querendo atiçar a discussão.
Às vezes o filho fazia de propósito para a irritar. De certeza que se perdera entre as ruínas, tinha ficado com medo e agora inventava qualquer coisa para ficar bem-visto.
— Olha! — disse Toni, atingido no seu ponto mais fraco e tentando mostrar que não estava a inventar. — Olha!
Estendeu a folha que Saïd tinha rasgado do seu caderno cor de malva.
— O que é isso?… Gramática!
— Exactamente. Gramática!
— Mas é o que tu mais detestas!
— Agora já não.
— Agora já não? O que é que queres dizer? Explica-te lá!
Toni ia começar a falar mas sentiu-se, de repente, bloqueado no seu entusiasmo. Como interpretaria a mãe as suas palavras? Iria compreender tudo o que ele tinha sentido?
Mecanicamente, a mãe repetia a pergunta.
— Estou a ouvir-te, Toni. Eu não estou enganada, não é? Tu detestavas a gramática!
— Mas agora não — disse-lhe ele, decidido a não falar mais.
Ela ainda procurou fazê-lo ceder. Afagou-lhe a mão, prometeu-lhe pelos anos uma bicicleta com motor. Toni não abriu a boca.
Quando viu o carrinho das sobremesas, no outro lado da sala, Noda chamou o chefe de mesa com voz aguda e um estalido de dedos. Toni estremeceu e sentiu as faces corarem. Noda, que conhecia bem a gulodice do filho, procurava aliciá-lo.
— Chefe, sirva uma dose dupla de mousse de chocolate a este senhor — pediu ela, fixando com complacência o filho, cabisbaixo e calado.
Toni meteu a mão ao bolso, apertou e amassou o barretinho azul-pervinca na palma da mão húmida e, a pouco e pouco, recuperou o sorriso.


Andrée Chedid
L’enfant des manèges et d’autres histoires
Paris, Flammarion, 1998
Tradução e adaptação




Nota explicatória:


Méhémet Alil — Pachá do Egipto de 1805 a 1849. Fundador da dinastia que reinou no Egipto até 1952. É considerado o pai do Egipto moderno.
Hatchepsout — Rainha do Egipto no séc. XV a. C.
Amon — Deus da mitologia egípcia, que personifica o ar e o sopro criador.






*ANDRÉE CHEDID (20 de março de 1920 - 6 de fevereiro de 2011), poeta e romancista Franco-Egípcia.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

PROSA POÉTICA: ENTRE A FLOR E O FRUTO- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Damien Rice





ENTRE A FLOR E O FRUTO


Dedicado a Damien Rice





VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Disseste-me assim,enquanto flor,com esse jeitinho de alecrim,
naquele faceiro dia de maio,
em que o Sol adentrava-se lépido nas faces, energizando a pele. A gente
rolando na grama sorria de tudo,
e tudo
porque enamorados estávamos em deleites, ouvindo essa música suave,
olhos nos olhos,
como sempre se quis e na profundidade da alegria, o encantamento
no murmurar da Cachoeira com suas águas intrépidas
nem tão distante de nós, na Serra do rola-rola.
A brisa correndo feito menina, esparramando olores no campo, fascinada e fascinante,
sucumbia morosa ante a filha do vento; e ela, seduzindo o Tempo com arte, sabedora que a vida,
nem sempre é pássaro que canta
mas pode ser o contido entre a flor e o fruto. A lança da vitória.
E por sorte, o élan, agasalhando de luz os nossos corpos, acariciava o instante, que absorto,colhia o néctar dos frutos.Ficamos tão seivas: humanizados.
E a que sabia de todas as possibilidades,pedia-nos paciência. Apenas,
um pouco mais de paciência
que já o Sonho galopava o caminho da tarde e era parceiro ideal,se do Amor havia enlace no canto. Um beijo ousou nossos lábios, pactuados.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

POESIA: UMA GOTA DE VIDA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)autografando o livro: Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (2002).




UMA GOTA DE VIDA


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Deito a cabeça em teu colo suavemente
Você sorri e pede que leia histórias do Egito Antigo
O amor estabelece a sintonia
Como pássaros selvagens
elaboramos as asas, sempre
Porque há uma gota de vida em cada instante
E somente quem se sabe Ave compreende o sabor,
mas também a elegância de Ser.
Mãe é o que nos torna equivalente ao toque
De pedra polida, magia e soluções
Somos o que somos na evolução da ternura, quando
no colo, acalentamos o fruto aberto e a seiva.
Ah, o Amor! Quem de nós não se fez
na ação da palavra?


Agora,
em uma gota de vida,
a recordação estabelece o dia: Bom dia, Amor!

sábado, 30 de abril de 2011

POESIA: NO GOTO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Penusliski






NO GOTO


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



uma gelada
no goto
desce bem
Neném,
nem sabes o que é a definição
da alegria,
juntamente,
com a total liberdade de ser



os carros vão passando,
correndo,
como a estrada quer
Nem ligo
se te ligo
e não queres crer
Mas acredite,
uma flor brotou no limiar do dia


disperdício não é razão
para um querer
e nem conhecimento deixa de ser
se no seu meio
o ambiente não lê
viver é mais que um prazer
E essa cerveja,
em mim,
desceu bem




se não me entendes,
o que queres, enfim?
de mim,
nem um til
só essa flor do deserto

segunda-feira, 25 de abril de 2011

POESIA: COM SUA FLOR EM DELÍRIO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Matisse (nuazul)







COM SUA FLOR EM DELÍRIO

A Darcília Simões


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



De um gesto, aguamos
o que preciso se fez
no tempo,
tão prenhe de jovialidade
Era um momento de abril
em que escancarada,
nas faces,
a liberdade estendia-se
(no azul do céu)
com sua flor em delírio, e nós?
Nós, apenas sorrisos
no disfarce
salpicado de estrelas



Outono adentrava-se,prenhe
de voz,o Adorno sabia-se de cor.
Van Gogh, ai! que paixão insuspeitada.
E na escritura aguçada do ouvido
sanhaço esqueceu-se canto




Ora Drummond rompia o tédio,
ora Clarisse enlouquecia a lucidez.
Ora Vinicius pedia uma água de coco,
(Só para viver um grande amor),
do coco a música rolava,
e eu ensismemada com Kafka
Ora ora,violão
como um inseto incomoda o gosto,
para nunca mais ser o mesmo,
o paladar
e suas memórias