quinta-feira, 5 de julho de 2012

POESIA: LEITURA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES

Foto: Real Gabinete Português de Leitura







LEITURA


      VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES




não estaria propensa a flor
se
a leitura -
parte essencial no humano de mim -,
não fecundasse o instante






domingo, 17 de junho de 2012

POESIA: CÂNTICO DA MUSA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Café Literário ( Eventos e Comércio de Artes) da autora





CÂNTICO DA MUSA

          Por: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)


Ainda vivo e canto,
encanto,
meu canto é, na verdade,
o que em mim aos pássaros é exercício de asas.
Em madrugadas frias
ou noites desvairadas, apenas
canto esse meu canto profícuo,
a embalar tantas vidas,
a enamorar-se das dádivas
para presentear-lhes em gorjeios
na voz/palavras da
fonte do Amor
A despertar-lhe o caminho,
no gosto,
do seu gosto,
a única e inequívoca verdade.
Assim,
ainda vivo e canto,
encanto



sexta-feira, 11 de maio de 2012

POESIA: ESTA É A FELICIDADE... - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES

Foto: Kafka


ESTA  É A FELICIDADE...



                  VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES ( RIO DE JANEIRO -BRASIL)



Esta é a felicidade... abrir as páginas de teus sonhos e tocar
levemente,
gozosa escrita: alento d'alma,
que espia prosa & verso
como o caminho descrito pelo esguicho do jorro faceiro, da centelha divina
nas águas de um chafariz.


Esta é a felicidade... o enamoramento dessa face, tão tua
No aguçado olhar, pássaro em fogo, linguagem sedenta
esclarecendo toda
a lucidez
 invasora lucidez
ao pequeno ato de ser, apenas
a poeira da estrada.


Esta é a felicidade... ao fechar do livro, saber
da obra, o que resta: imaginação em processo,
não somente
um terno cinza numa manhã tão cinza de sorrisos.
Saber que mesmo no silêncio das horas, estamos
aqui,
um no outro.



Esta é a felicidade... ler a possibilidade que deixou-me em face!



terça-feira, 1 de maio de 2012

POESIA: ESQUISITICES- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES



ESQUISITICES


                       VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES
                   I
  espelho d'água contempla sua face, os vértices
  no espaço dobram as notas, corro ofegante
  para que o tempo dê tempo, quando
  as pautas passeiam músicas, e encantam o
  pontilhar esperançosos dos signos, como
  essas pétalas unidas em flor

                  II

um caminho se estende, pernas
através da chuva atravessam pontes, e este
friozinho na barriga organiza o mote
destas esquisitices, broto
como um broto que acontece primaveril
em jardins de coração afável

                 III


o gato que parece chateado, enrosca
solto e o denomino poeta, um sorriso escapa
e a força da realidade se rende,
(na consciência da limitação),
à palavra mágica que doma, este
físico diálogo

quarta-feira, 25 de abril de 2012

POESIA: PÁSSARO DOURADO- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES



PÁSSARO DOURADO

     Por : Vanda Lúcia da Costa Salles


     A todos os amigos ( e aos que virão)


No instante em que lemos, amor
As asas aplumam-se para o voo livre,
De pássaro dourado que és
Assim, a vida passeia em nossas entranhas, sem agonia.


É essa dourada cotovia passeia destemida, faceira


Paixão de sempre: do dia em que contavas nos dedos
O quanto sabias de números e segredos, ou
Rias alegremente, com vontade


Ah!  E a primeira poesia? Como gargalhavas, no instante perspicaz
Cantando a amizade e esse nosso amor pelas palavras
Amenizando a vida, o tempo e a rota
Sonhando musgos, orquídeas e compassos
Ou agasalhando o projeto com dedos firmes e zelosos...


E aqui, estamos nós, na fugacidade do tempo
Um pássaro dourado, cantando


Sua liberdade de voo, encanto
Em corpo humano, amigo do sonho de ser
Isso : a dobra no avesso do avesso, Ave!
 

sexta-feira, 6 de abril de 2012

POESIA: UM GRÃO DE AREIA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)





UM GRÃO DE AREIA



VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



alimenta-se do grito
espelhado,
enigmático,
agônico,
estriônico,
que seja onda
esse som que resta ao grão,
em sua metamorfose


de areia
esculpido por vagas
e ventos e mais que seja
na onda
de marés,
gestos serpenteados
no gozo da flor
aberta a lírios e colibris


a tempestade em tormentas
nem sempre alcança o sonhador,
e se edifica
ou assim fica,
resta apenas,
um grão de areia... Nas mãos o afago,
e nos olhos que vê,
além da praia
(o arrebento de espumas pulverizando)
os desenganos
rochedos de poesias... E na língua, o acre-doce sabor!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

CONTO: O CURIBOCA E A CUMBUCA- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Vanda Lúcia da Costa Salles




O CURIBOCA E A CUMBUCA






O caraxué cantou no laranjal espremido por entre as folhas esconderijos. O curiboca foge de si mesmo. Colocara a mão em cumbuca e não sabia como sair.
A lenda narra que amarrou a liana aos pés e pulou o abismo. Evolou-se. No litigo bateu e o élan do corpo evaporou-se. Vergonha foi da insídia cometida. Deixou cair o escudo tribal.
Todos sabiam na tribo que seria assim. Estava escrito. Sua conduta exorbitante, sempre fora exercício de exibição e desgosto para a pequena indígena que o criara com profundo e infinito amor.
O escudo ficara entrincheirado entre as pedras. No alto, da Serra Barriga. Um tempo viria em que o Outro descobriria o segredo. Se segredo houvesse. Mas vovó Cambinda, calma esperava o curiboca e o seu amigo albino, confiante no sorriso do neto que a levaria aos parentes mais próximos, além mar. Viveria na América, sim senhor!
Estúpido preparara a armadilha para a anciã que sorria, aguardando o presente anunciado. O que ela não sabia era que ele a vendera ao branco albino, que se aproximava, remando lento, em sua velha canoa.