quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CRÔNICA: ESSE MEU AMOR... TÃO DESCABELADO!



Foto: Poeta Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil) passeando em Buenos Aires






Foto:O poeta Paul Celan (Alemanha)



ESSE MEU AMOR... TÃO DESCABELADO!


Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)



Sobre o espelho a fuga do tempo ser o que em ti não exclarece as tulipas,
mas tão frequentativo o peito ruge como se esse meu amor ferisse a fenda, e a
abertura não revelasse a pétala fresca da seiva ardente. E tão descabelado, o toque, negra madeixa insurgisse e no lixo a lata fechasse a opressão e tu, ó Celan, sorrise leve... Poetisando esse silêncio íngreme... Em todos nós.
Sim! Esse meu amor... Tão descabelado! Que de lindo a foice não esperava o corte, e nem a adaga o ferimento norteia o porte, e muito menos, a cretinisse as ideias fecham, no amante, o diálogo... E essa tarde prenhe... Acaricia a vida, e tão leve... A tua face.
Convidativa, a chuva fina, nos fortalece. O dia tonto, mas afagável, não obscurece a mão da dádiva, menina alegre, de pernas aprendizes... E outra vez em meu poema a divagações passeiam lúcidas e amenas.
Caminho nesse passeio, em infinitos jardins de Buenos Aires, penso, na memória trago, um perfume suave abraça forte as imagens tantas e amigavelmente revejo em minhas sinapses: Celan, Catalán, Licciardi, Drewes, Payés, Noé, Pichardo, Arroyo, Carneiro, Galeano, Dardick, Chamorro, Ponce de Leon, Barros, Miguelleti, Rosemiria,Oliveira, Prado, e mais e mais, lampeja a arte... Tão destemida!
Se tulipas florescem nessa tarde que alucina e se aferrolha a lida... Convite aberto, desdobre as palavras, não tenha medo, não se detenha... Leia-me: face a face!



Niterói, 11 de novembro de 2010

Vanda Lúcia da Costa Salles

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