Mostrando postagens com marcador ENLACE/MPME. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ENLACE/MPME. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 7 de março de 2011

HOMENAGEM: O ALEGRE CANTO DA PERDIZ -PAULINA CHIZIÁNE (MOÇAMBIQUE)*



Foto: Bandeira de Moçambique



Foto: Paulina Chiziáne (Moçambique)




Um trecho de Niketche:


“Meu Deus, ajuda-me a descobrir a alma e a força do meu rio. Para fazer as águas correr, os moinhos girar, a natureza vibrar. Para trazer ao meu leito a luz de todas as estrelas do firmamento e deixar o arco-íris mergulhar-me em toda a sua imensidão.
Sou um rio. Os rios contornam todos os obstáculos. Quero libertar a raiva de todos os anos de silêncio. Quero explodir com o vento e trazer de volta o fogo para o meu leito, hoje quero existir.”




O ALEGRE CANTO DA PERDIZ (excerto)


PAULINA CHIZIÁNE(MOÇAMBIQUE)

Para suavizar a verdade e penetrar a profundidade, José dos Montes conta histórias antigas. As melhores histórias começam todas da mesma maneira. Era uma vez....
- A voz do sangue convocou este magno encontro – explica José dos Montes -, sob nossas veias corre o sangue sagrado das pedras. O céu azul foi chocado nos Montes Namuli, num ovo de perdiz. Nasceu com asas de pássaro, voou e colonizou a terra inteira. Aqui nasceu a primeira estrela, do ovo da mesma perdiz, estalou até ao céu, explodiu e espalhou-se como fogo-de-artifício formando a Via Láctea. É aqui o princípio do mundo. O fim do mundo. Todas as raças nasceram aqui. Dão a volta ao mundo e regressam, porque os Namuli unem todos os que querem bem para que comam numa só concha e bebam a água da mesma nascente.

Os braços do canavial ondeiam ao vento, soltando uma fanfarra imensa. Trazendo memórias de todas as origens e a razão da escravidão humana à volta dos cocos, do chá e do sisal.
O rio Zambeze, o mar, o palmar e os Montes Namuli unem-se num polígono de diamante. Deus criou esta terra num momento de felicidade e a prendou de beleza extrema, causando paixão exacerbada em qualquer viandante e, por isso, era uma vez....

Histórias de navegadores que se fizeram ao mar em busca de pipipiri numa terra distante. Histórias das onze sereias, todas irmãs, sendo a Zambézia a mais bela. Memórias dos marinheiros e do chicote dos prazeiros. Histórias das donas e sinhás. Da Companhia da Zambézia, do Boror e do palmar. Histórias das mulheres guerreiras que penetram na fortaleza do invasor, roubaram as sementes os homens e construíram a barreira da vida, mostrando ao mundo quem, perante a mulher zambeziana, o invasor não tem omnipotência. Provando que superioridade das raças era simples treta. Histórias dos deusues dos montes que abençoaram a Zambézia com o sangue divino de pretos, brancos, amarelos, numa sopa de raças mais recheada que sopa de pedra.

- Somos fazedores de chuva e guardiães da água – explica José dos Montes. – Comandantes da trovoada. Nascemos ao canto das perdizes, gurué, gurué! Construímos nas cavernas. Agricultávamos os cereais cm cornos de antílope. Dos ossos longos das gazelas fazíamos os cachimbos para tabaco dos nossos guerreiros. Vieram os brancos e fomos apanhados como ratos. Escravizaram-nos.

Todos erguem os olhos para contemplar mais uma vez a imagem da terra mãe na gestação do mundo. Deixando aflorar a emoção no coração do Éden. Contemplando os montes à distância, confirmando tudo o que já sabiam. És filho apenas do ventre da tua mãe. Desde o nascimento estás só e viverás só. És mãe apenas quando o filho te habita o ventre. Depois do parto, cada um ganha identidade própria e segue o seu próprio destino.

- Somos de passos silenciosos, que pisam o chão em segredo. Que não aceitam a prisão de uma casa. Passos de aventuras na descoberta do novo mundo. Construímos o lar nas encostas dos montes e fomos arrastados pelas enxurradas, éramos filhos das aboboreiras semeadas nas bermas das estradas, colhidos por qualquer viandante. Palmilhávamos o solo até aos confins da terra. Damos a volta silenciosamente e estamos aqui, no ponto de partida. Aqui tudo começa e tudo termina. O mundo é redondo.

A voz inquisitiva dos filhos se ouve. Se os antepassados foram ontem heróis, não se entende que os descendentes saboreiem a parte mais amarga do percurso.


(in À Sombra dos Palmares )






*PAULINA CHIZIÁNE:nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo, mas não concluiu o curso. Actualmente vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na «Página Literária», e na revista Tempo). Publicou o seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana. "Ventos do Apocalipse", concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi publicado pela Caminho em 1999. O "Sétimo Juramento" e "Niketche" foram publicados em Portugal em 2000 e 2002, respectivamente. "Balada de Amor ao Vento" é o seu quinto romance. Afirma: "Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance, mas eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte.NIKETCHE uma história de poligamia (2002). Com ele, Paulina Chiziane ganha o prêmio José Craveirinha, em 2003. É o único romance da escritora até agora publicado no Brasil, em 2004, pela Companhia das Letras. Para Paulina, o sucesso de Niketche talvez esteja exatamente na “descoberta do feminino”.
.

domingo, 6 de março de 2011

HOMENAGEM: PELO FOGO DA FALA- VERA LÚCIA DE OLIVEIRA (BRASIL)*



Foto: Bandeira do Brasil




Foto: Vera Lúcia de Oliveira





PELO FOGO DA FALA

VERA LÚCIA DE OLIVEIRA (BRASIL)


pelo fogo das palavras
pela sarça ardente das palavras
pisando por rugas de telhas
enquanto o coração crescia

pelo fogo da fala
pelo pavio secreto da língua
pela fagulha ardente
crescia meu coração
como crescem as folhas
que o vento arrasta no ardor da combustão





A POESIA DÓI DENTRO DE MIM

A poesia dói dentro de mim
como quando meu pai podava a parreira
eu ia vendo caírem
as folhas
eu ia vendo caírem
as folhas
e ninguém sabia
como os ramos derramavam os sons
dolorosos






VERA LÚCIA DE OLIVERIA:nasceu em Cândido Mota e cresceu em Assis em 1958, no Estado de São Paulo. Atualmente trabalha na Università degli Studi del Salento (Itália), onde ensina Literaturas Portuguesa e Brasileira. Formou-se em Letras pela Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), em 1981, e em Línguas e Literaturas Estrangeiras, em 1991, pela Università degli Studi di Perugia, na Itália. Neste mesmo país, obteve o doutorado, em 1997, pela Università degli Studi di Palermo.
É autora de trabalhos sobre poetas contemporâneos, publicados em revistas brasileiras e estrangeiras. Além da produção ensaísta, recebeu diversos prêmios, entre os quais o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras (2005), pelo livro A chuva nos ruídos, o Prêmio Sandro Penna (Itália, 1988), por um conjunto de poemas inéditos, o Prêmio Nacional de Poesia de Senigallia (Itália, 2000), pelo livro La guarigione, o Prêmio “Popoli in cammino” (Itália, 2005) e o Premio Internacional de Poesia Pasolini (Roma, 2006), pelo livro Verrà l’anno, considerado entre as três melhores obras de poesia publicadas na Itália em 2006. A autora, que escreve tanto em português como em italiano, tem seus poemas traduzidos e publicados em várias antologias no Brasil, Itália, Portugal, Inglaterra e Espanha.
Traduziu e organizou as antologias poéticas de Lêdo Ivo, Illuminazioni, Multimedia, Salerno, 2002 (ISBN 88-86203-34-9), 128; Carlos Nejar, Miei cari vivi / Meus estimados vivos, Salerno, Multimedia, Salerno, 2004 (ISBN 88-86203-39-X), pp. 58; Nuno Júdice, Por dentro do fruto a chuva, Escrituras, São Paulo, 2004 (ISBN 85-7531-123-9), pp. 160.
Tem os seguintes livros publicados: A porta range no fim do corredor (poesia), Scortecci, São Paulo, 1983; Geografia d’ombra (poesia), Fonèma, Venezia, 1989; Pedaços / Pezzi (poesia), Etruria, Cortona, 1992; Tempo de doer / Tempo di soffrire (poesia), Pellicani Editore, Roma, 1998; Poesia, mito e história no Modernismo brasileiro (ensaio), Unesp e Edifurb, São Paulo, 2002; La guarigione (poesia), La Fenice, Senigallia, 2000; A chuva nos ruídos - Antologia Poética, Escrituras, São Paulo, 2004; Verrà l’anno (poesia), Fara Editore, Santarcangelo di Romagna, 2005; Storie nella storia: Le parabole di Guimarães Rosa (ensaio), Pensa Multimedia, Lecce, 2006; No coração da boca (poesia), Escrituras, São Paulo, 2006; Entre as junturas dos ossos (poesia), Ministério da Educação, Brasília, 2006.

sábado, 5 de março de 2011

HOMENAGEM: VOZES - PRISCA AGUSTONI (SUÍÇA/BRASIL)*



Foto: Prisca Agustoni



Vozes

PRISCA AGUSTONI

Tempo e espaço
não me limitam.
A procura
me avizinha ao mundo.

A moça espera
quem nunca partiu,
depois abraça
o que nunca chegou.

Minha palavra
é explosão de argila.



(Prisca Agustoni. In: Inventario di Voci/Inventário de Vozes)


NÃO SEI

PRISCA AGUSTONI

se o amor é isso,
reserva de água
no deserto


ou o deserto mesmo,
onde armamos as tendas
e untamos os corpos.





AS DUNAS


PRISCA AGUSTONI


ao longo do lago
há dunas
que se deslocam
com os olhares
de quem faz muito
vive algures,
num transitório
perímetro,
desativando
gramáticas,
curtos-circuitos
que cavam
depósitos de coisas
na hesitação
entre uma língua e outra



(Do livro A morsa, no prelo)







*PRISCA AGUSTONI :nasceu em Lugano, Suíça, em 20 de janeiro de 1975. Formou-se em Letras Hispânicas e Filosofia na universidade de Genebra / Suíça, onde morou até mudar-se para o Brasil, em 2002. Atualmente reside em Juiz de Fora, está terminando o doutorado em Letras na PUC-Minas, onde estuda a poesia brasileira contemporânea e a dos países africanos de língua oficial portuguesa. Tem poemas publicados em várias revistas literárias do Brasil, da Itália, da Suíça, dos Estados Unidos, da Espanha, entre outros. Por razões biográficas, sua vivência com a escrita se desenvolve em diferentes idiomas, como o italiano, o espanhol, o francês e o português. É tradutora de poesia e colabora com textos críticos e traduções para revistas literárias italianas, suíças e francesas.
No Brasil publicou:
Inventario de vozes (2001, poesia); Irmãs de feno (2002, poesia); Días emigrantes y otros poemas (2004, poesia, em espanhol); A neve ilícita (2006, contos).

sexta-feira, 4 de março de 2011

HOMENAGEM: REBELDIA - MANUELA AMARAL (PORTUGAL)*



Foto: Bandeira de Portugal



Foto: Manuela Amaral





REBELDIA

MANUELA AMARAL (PORTUGAL)


Soltem-me
as algemas
Quero
a minha alma livre
meu corpo livre
meu pensamento livre
Esbofetear o mundo
e cuspir
na vida.

( In: Amor no feminino, Fora do Texto, 1997 - Coimbra, Portugal)



PREFÁCIO


Tu não sabes quem eu sou.

E a vida é muito breve
para te contar do regresso.

Sou o princípio do nada
e sou o fim do começo.


(Manuela Amaral. in Tempo de Passagem - 1991 Fora do Texto)


*MANUELA AMARAL:nasce em Lisboa a 7 de Junho de 1934 e falece em 3 de abril de 1995, vítima de um câncer de mama. Poeta,tradutora de francês e advogada.

quinta-feira, 3 de março de 2011

POESIA: WOMEN- ADRIENNE RICH (E.U.A)*



Foto: Bandeira dos Estados Unidos






WOMEN


ADRIENNE RICH (E.U.A.)




My three sisters are sitting
on rocks of black obsidian.
For the first time, in this light, I can see who they are.

My first sister is sewing her costume for the procession.
She is going as the Transparent lady
and all her nerves will be visible.

My second sister is also sewing,
at the seam over her heart which has never healed entirely,
At last, she hopes, this tightness in her chest will ease.

My third sister is gazing
at a dark-red crust spreading westward far out on the sea.
Her stockings are torn but she is beautiful.




Mulheres

As minhas três irmãs estão sentadas
sobre rochas de obsidiana preta.
Pela primeira vez, à esta luz, consigo ver quem são.


A minha primeira irmã está a coser o fato para a procissão.
Vai vestida de Senhora Transparente
e todos os seus nervos estarão à vista.


A minha segunda irmã também está a coser
sobre a ferida do peito, que nunca cicatrizou completamente.
Espera, enfim, aliviar este aperto no coração.


A minha terceira irmã está a contemplar
uma crosta vermelho-escura que o ocidente estende ao longe, sobre o mar.
Tem as meias rotas, mas ela é linda demais.





*ADRIENNE CECILE RICH:nasceu dia 16 de maio de 1929, em Baltimore, Maryland, Estados Unidos. Feminista, poeta, professora e escritora estadunidense.É uma das vozes mais marginais e políticas da literatura americana contemporânea.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

POESIA:SE AS AVES BATEM SUAS ASAS E PARTEM... O POEMA CHORA RAIOS DE SOL, NA MANHÃ... POR: VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Cotovia






SE AS AVES BATEM SUAS ASAS E PARTEM... O POEMA CHORA RAIOS DE SOL, NA MANHÃ...



A Moacyr Jaime Scliar- 1937-2011- ( in memoriam)





Nesse instante, impacta-me a notícia:
Mais uma ave bateu suas asas e partiu
Como quem se oferece todo ao Cosmos...
E para além das estrelas, talvez,
Receba em contrapartida o aroma sutil da semente intacta
Na elaboração do fruto.

Desfolho uma de suas tantas estrelas sutis
Um sorriso brota louco,
Na irreverência tamanha, entrelinhas:
A Orelha de Van Gogh,
O Centauro No Jardim,
Olho Enigmático,
A Mulher Que Escreveu A Bíblia... A vida irradiada em alentos fagueiros... Tempero da língua!


Aqui,
Esta cotovia dourada se destrava e canta bem alto o que sabe:
Se as aves batem suas asas e partem... O poema chora raios de Sol, na manhã...
E leva pelas mãos a criança que se adentra nessas mesmas luzes transbordantes
Da fonte



E a canção se faz Esperança
porque uma cotovia prateada pousou nas mãos do Altíssimo,
Contou-lhe uma linda história da Terra,
Com humor,
no jeito todo próprio de sua língua, mais que amada.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

HOMENAGEM: PURA LÓPEZ - COLOMÉ (MÉXICO)*


Foto: Bandeira do México



Foto: PURA LÓPEZ-COLOMÉ (MÉXICO)


POESÍA

1


Qué intimidad rezuma
entre aves y aire.
Se congregan sobre el agua,
apenas en la superficie:
se arrebatan el pan,
se hacen daño o miran fijamente
al habitante de otros reinos.


2


Desde el muelle,
punto medio,
vi nacer el rayo, abrirse en triángulo
y cerrarse,
con brillos cada vez mayores,
como una estrella sobre fondo luminoso.
Un pato atravesó esa línea
sin que hubiera el menor cambio.


3


No es mi ojo
el que abre y cierra
este escenario.


4


De regreso de la costa,
el canto del gallo
me recorre.
Aquel día, al despertar, sentí la muerte cerca: una sirena muda, sin boca,
a principios de la juventud, de la primavera, de la femenina flor. Al sentirse
tocados, los pétalos se cerraron de inmediato con el estruendo de un
portón de hierro. Alguien me susurró al oído: “Ofrécele tu pena a Dios”.
Era una voz que hablaba por la piel. Le hice caso de manera maquinal,
pensando en el camino de santidad de quien lo ignora todo. Con los ojos
cerrados, miraba mi alma, sus máculas pequeñas, crueldades para con el
amor. Cuando el portón terminó de sellarme los oídos, ya había olvidado
aquella ofrenda. Mi perdón de entonces duró lo que una frase, y lentamente
cayó al pozo. Hoy, ante un triángulo de luz sobre las aguas, me supe dentro
de la cifra, parte de una huella entre las olas.
Un canto del gallo,
duelo distante.




*PURA LÓPES-COLOMÉ: és poeta, ensayista y traductora. Es autora de Un Cristal en Otro y Aurora. Su libro Intemporie. No Shelter: The Selected Poems of Pura López-Colomé, fue traducido al inglés por Forrest Gander y publicado por Graywolf Press. En 1992 le otorgaron el Premio a la Traducción por su labor en torno a la obra de Seamus Heaney. También ha traducido al español algunas obras de Samuel Beckett, H.D., William Gass, Philip Larkin, Edwin Muir, Frank O’Hara y William Carlos Williams.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

HOMENAGEM: TOQUES - ANA PELUSO (BRASIL)*




Foto: Bandeira do Brasil




Foto: Ana Peluso




TOQUES

ANA PELUSO (BRASIL)


um passo
eis
a arrebentação.
no dedilhar dos dedos insanos,
portadores das carícias táteis,
conheceu
o mar que desassossega,
o amor que se desintegra
na dose letal
da paixão.




SOBRE O POETA


ANA PELUSO (BRASIL)


o poeta sofre :
de falta de palavras
de falta de certezas
de falta de amores
que o tempo lhe rouba
enquanto busca a caneta : o papel
e os rascunhos pendurados
em si mesmo
: mas se a busca cessa
corre o risco de morrer
paralisado :
de falta de amores
de falta de certezas
de falta de palavras :
o poeta sofre



*ANA PELUSO: Nasceu em 1966, paulistana, poeta, ilustradora, participou de algumas antologias, entre elas "Dezamores", Ed. Escrituras, 2003, editou o site de arte Officina do Pensamento.Atua na rede como webdesigner, ilustradora e colunista e colaboradora em vários sítios.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

HOMENAGEM: NARCISO - MÍA GALLEGOS (COSTA RICA)



Foto: Bandeira de Costa Rica





Foto: Mía Gallegos (Costa Rica)




NARCISO


MÍA GALLEGOS (COSTA RICA)



Narciso no era bello ni hermoso.
Lo embriagó su propia pequeñez,
su rostro en el otro rostro.
No halló la paradoja,
la secreta lámpara,
los jaspes,
el centro de luz entre sus cejas.
No tuvo por dentro un auriga,
ni la espada para vencer al tigre,
ni bebió de la tórrida, altiva respiración de los dragones.
Lo hallé muerto,
como las flores remotas que desconocen su origen
y su aroma
El eco no lo pudo salvar
de la muerte
de la embriaguez,
de su oscura bastardía.




NARCISO


MÍA GALLEGOS ( COSTA RICA)




Narciso não era belo ou formoso.
O embriagou sua própria pequenez,
seu rosto no outro rosto.
Não encontrou o paradoxo,
a secreta lâmpada,
os jaspers,
o centro de luz entre as sobrancelhas.
Não teve por dentro um cocheiro,
nem a espada para vencer ao tigre,
nem bebeu a tórrida, altiva respiração dos dragões.
Encontrei-o morto,
com as flores remotas que desconhecem sua origem
e aroma
O eco não poderia salva-lo
da morte
da embriaguez
de sua escura bastardia.

*Tradução: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)


MÍA GALLEGOS DOMÍNGUEZ: naceu em São José, Costa Rica em 17 de abril de 1953. Publicou inúmeros livros de poesia.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

ARTETERAPIA: GENTILEZA É 'AMORRR' - SOBRE A OBRA DE JOZZÉ AGRADECIDO - POR VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)




Foto: GENTILEZA E OBRA (RJ)





CAPÍTULO 4- GENTILEZA É ' AMORRR': SOBRE A OBRA DE JOZZÉ AGRADECIDO



Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois
incapazes de ouvir a minha palavra.

(JOÃO, 8:43 )



Allienus, em latim, significa "o outro" (a sociedade). Está alienado, pode-se perder a sensibilidade de intuir, sentir e refletir o fenômeno da vida e do seu momento histórico: essa a grande aventura humana.
Viver é uma dádiva, amar é a ação que pode ser aprendida, compartilhada, cultivada no interior do público e do privado. Bastando pelo desejo amoroso, dotado da atenção e intenção, objetivar essa arte maior.
Amor é o belo, conceito burguês romantizado. Já " Amorrr" é a própria arte. É toda sabedoria de que é capaz o espírito em perfeita comunhão com o Cosmo. É o mito original cuja função divina restaura o equilíbrio perdido. É a religiosidade inerente do/no ser. "Amorrr", portanto é a estética que revolucionará o social. E revolucionará o mundo.
Em seu discuro " ex-cêntrico" (voltado para que a massa se perc eba povo0, Jozzé Agradecido - o Gentileza- pregava a arte como liberdade transgressora, e não o belo. A beleza em suas múltiplas formas; poesia revelada.

(...), porque todos pensaram sempre no belo, que é conceito, e não na arte,
que é fenômeno, coisa real, objetiva, e que não só existe sob uma multipli
cidade de formas como é, em cada momento, uma e múltipla. (MONTEIRO,1961,
P.20)


Marcando uma singular diferença, busca fazer do seu corpo e alma o foco e atenção do povo. Busca, através da linguagem da imaginação, evidenciar a construção de sua obra de arte; poesia no concreto. Ensina que a arte, enquanto linguagem, pode facilitar a aprendizagem na conscientização de formação de seres poéticos, o que assimilou que "compreender profundamente a arte é uma atitude de humildade e de amor" (op. cit,. 1961, p.23).
Parodiando o modelo, Gentileza recria a via-crucis. Preocupa-se com o efeito que é o estranhamento de toda a sua fala. O leitor/fluidor irá ao modelo, mas já assumindo uma postura crítica. na repetição, a informação: um home do povo que se faz divino, um anti-herói apontando o hiato na História, o automatismo dos corpos na paralisação social (obstado por um período longo de ditadura no país). E a ditadura estabelecida, por comodismo e condicionamento, na prática cotidiana.
No mito do profeta, aquele " uma fala,que é mensagem"(BARTHES, 1993, p.131), Gentileza - o pedagogo das massas - em sua poética do espaço denuncia a crise das relações nas relações insignificativas. Primando por uma revisão deos valores da cultura espiritual e material voltada mais para uma radical mudança da realidade cotidiana. Em seu nonsense busca o sentido para a padronização humana, poetizando a ternura gera o processo do auto-conhecimento para a significação humana: colocação da arte na vida. Recolocando-a no seu espaço de direito: no imaginário popular. Num gesto de carícia, um toque dialetizador da luta entre Liberdade X Opressão. Onde se situaria a loucura, quando sabe-se que " amar o próximo não é mais idealismo "místico" de alguns. Ou aprendemos a nos acariciar, ou liquidaremos com nossa espécie" (GAIARSA, apud SHINYASHIKI, 1988, p.11). Seu " Amorrr" - linguagem do inconsciente - verbera e " a linguagem passa a ser vista como entidade histórica, instrumento de intercomunicação social e de expressão cultural" ( MARQUES, 1995, p.35). Reivindica, assim, a originalidade nacional pela linguagem afetiva, humanizada como objeto privilegiado de prazer e saber.
Diz o pregador-poeta: " Não sou obrigado a nada. Ninguém é obrigado a nada. Só agradecido." E reiventa a palavra na triplicação das formas, fundamenta uma ética em sua linguagem divina e desvela o ideológico a arquitetar a reestruturação social através da força de sua cantábile. " Porém, a grandeza das obras de arte consiste unicamente em revlar o que a ideologia oculta. Queiram ou não, sua consecução, seu êxito, supera a falsa consciência." ( ADORNO,apud CASTRO, 1983, p.27).
E o que a ideologia oculta? a dificuldade da humanidade, impedida que está, pela miséria generalizada, de criar um modelo de sabedoria? Na negação pela "parole" que se quer democratizada do modo de ser burguês? Ou da ausência da emoção que funda uma causa: o corpo social fragmentado? O "Amorrr", aqui, como no Banquete de Platão, aparece como criador, cujo poder é incomensurável e não se limita a criar; todavia torna àqueles a quem toca capazes de criar também. " Amorrr" é a cura.



( In: DIVERSIDADES E LOUCURAS EM OBRAS DE ARTE: UM ESTUDO EM ARTETERAPIA, 2002,por VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES)

ISBN 85-86854-99-9
9788586854996

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

POESIA: A CAMINHO DA ESCOLA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Sorria


A CAMINHO DA ESCOLA


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Crianças dançam, sapateiam, pulam, jogam e sorriem
a caminho da escola...
Sonhos expreitam olhinhos matreiros que seguem
em sinuosas curvas imaginativas.
Elas esperam que nossos beijos, carinhos, afagos e ternura
sejam
o que as esperam na roda da brincadeira
Brincar, brincar, brincar - na mente ancha de desejos, assumem posturas.
Uma de trança joga o aro da pulseira e diz muito certa da vida:
- Esse grilo também vai para a escolinha na floresta!
A de amarelo, segurando uma boneca, replica tão tagarela:
- Ora, el não tem mochila com estrelinhas da Puka!
Já os meninos trocam as bolebas de gude,
conferem as cores e brilhos,
repassam figurinhas de futebol
e guardam as preferidas. Um olho fechado para escapar do Sol, na face
um jeito de ser feliz.


A caminho da escola, todos
alegres invadem o palco. João Pedro indaga:
- Por que as escolas não possuem piscina? O calor é tão intenso, aqui!
Maria Amélia explica que os adultos são tolinhos,
esqueceram que foram crianças... E que criança adora água... E sorvete.
A Escola Pública coloriu-se de verde.
Uma flor desabrocha-se em várias janelas, na esquina
de uma ruazinha no Rio de Janeiro. Uma música emocionada espalha-se no ar!



Camile explica que é seu aniversário. 7 aninhos e um dentinho já caiu.
E que todas as crianças do mundo irão a sua festinha, se a mãe deixar.
Deixa não deixa deixa não deixa deixa não deixa, se deixa tá
tatarararatatata
corre,
pula,
larga a mochila,
e senta na grama do parque. Mãeeeeeeee, vamos fazer um piquenique?




Envolvente o olhar
de sereia cativa, a deriva
no entrave do portão. A sineta toca, toca mais uma vez
Mãe e filhos se olham, e correm ao portão principal.
Um novo amanhecer os esperam, espero.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

POESIA: DEMOCRACIA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Rosas Vermelhas






DEMOCRACIA


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)




Ó Língua, faça-se entender
entre os povos
e livre permaneça
fala
na humana escrita


Na qualidade das relações sociais,
na comunicação
e intercomunicação
como aquelas mãos pintadas nas paredes das cavernas
sonhando
escrevendo/descrevendo
do seu imaginário
novas formas de liberdade


E se agora,
ao ler Fedro,
a alma transpira o novo
Seja plenamente linguagem
o fio transparente do discurso.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"MEDIO PAN Y UN LIBRO" - FEDERICO GARCÍA LORCA



Foto: El poeta y una niña






Discurso de Federico García Lorca al inaugurar la biblioteca de su pueblo.
Medio pan y un libro


Medio pan y un libro.


Locución de Federico García Lorca al Pueblo de Fuente de Vaqueros (Granada). Septiembre 1931.


"Cuando alguien va al teatro, a un concierto o a una fiesta de cualquier índole que sea, si la fiesta es de su agrado, recuerda inmediatamente y lamenta que las personas que él quiere no se encuentren allí. ‘Lo que le gustaría esto a mi hermana, a mi padre’, piensa, y no goza ya del espectáculo sino a través de una leve melancolía. Ésta es la melancolía que yo siento, no por la gente de mi casa, que sería pequeño y ruin, sino por todas las criaturas que por falta de medios y por desgracia suya no gozan del supremo bien de la belleza que es vida y es bondad y es serenidad y es pasión.

Por eso no tengo nunca un libro, porque regalo cuantos compro, que son infinitos, y por eso estoy aquí honrado y contento de inaugurar esta biblioteca del pueblo, la primera seguramente en toda la provincia de Granada.

No sólo de pan vive el hombre. Yo, si tuviera hambre y estuviera desvalido en la calle no pediría un pan; sino que pediría medio pan y un libro. Y yo ataco desde aquí violentamente a los que solamente hablan de reivindicaciones económicas sin nombrar jamás las reivindicaciones culturales que es lo que los pueblos piden a gritos. Bien está que todos los hombres coman, pero que todos los hombres sepan. Que gocen todos los frutos del espíritu humano porque lo contrario es convertirlos en máquinas al servicio de Estado, es convertirlos en esclavos de una terrible organización social.

Yo tengo mucha más lástima de un hombre que quiere saber y no puede, que de un hambriento. Porque un hambriento puede calmar su hambre fácilmente con un pedazo de pan o con unas frutas, pero un hombre que tiene ansia de saber y no tiene medios, sufre una terrible agonía porque son libros, libros, muchos libros los que necesita y ¿dónde están esos libros?

¡Libros! ¡Libros! Hace aquí una palabra mágica que equivale a decir: ‘amor, amor’, y que debían los pueblos pedir como piden pan o como anhelan la lluvia para sus sementeras. Cuando el insigne escritor ruso Fedor Dostoyevsky, padre de la revolución rusa mucho más que Lenin, estaba prisionero en la Siberia, alejado del mundo, entre cuatro paredes y cercado por desoladas llanuras de nieve infinita; y pedía socorro en carta a su lejana familia, sólo decía: ‘¡Enviadme libros, libros, muchos libros para que mi alma no muera!’. Tenía frío y no pedía fuego, tenía terrible sed y no pedía agua: pedía libros, es decir, horizontes, es decir, escaleras para subir la cumbre del espíritu y del corazón. Porque la agonía física, biológica, natural, de un cuerpo por hambre, sed o frío, dura poco, muy poco, pero la agonía del alma insatisfecha dura toda la vida.

Ya ha dicho el gran Menéndez Pidal, uno de los sabios más verdaderos de Europa, que el lema de la República debe ser: ‘Cultura’. Cultura porque sólo a través de ella se pueden resolver los problemas en que hoy se debate el pueblo lleno de fe, pero falto de luz.

___________________ ________________________ ___________________


Obs. . Agradezco Mirta Luna

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

HOMENAGEM: ROGER WOLFE (INGLATERRA/ESPANHA)

SI ALGUIEN TE PREGUNTA ALGUNA VEZ, PUEDES RESPONDER POR MÍ



Escribo para gente que no tiene
otro sitio donde caerse muerta
Que la superficie de un poema.



( iN: HABLANDO DE PINTURA CON UN CIEGO, RENACIMENTO.)







SE ALGUÉM PERGUNTAR-TE ALGUMA VEZ, PODES RESPONDER POR MIM


ROGER WOLFE (ESPANHA)



Escrevo para pessoas que nao têm
outro lugar onde cair-se morta
Que a superfície de um poema.

(traduçao ao português: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)


EL PESO DEL MUNDO


ROGER WOLFE (ESPANHA)



No puedo leer un solo libro.
Una sola página.
Un solo párrafo.
Ni una línea.
No puedo escribir,
ni coger el teléfono,
ni encender un cigarrillo,
ni extender las piernas,
ni levantarme
siquiera
de esta silla.
Si me buscara
el pulso
estoy seguro
de que no me lo encontraría.
Realmente no sé
lo que me pasa.
No es asco.
No es hastío.
No es abulia.
No es cansancio.
No es indiferencia.
Son todas esas cosas
y no es ninguna.
Es como si el mundo
se me hubiera
parado
encima.



O PESO DO MUNDO

ROGER WOLFE (ESPANHA)

Nao posso ler um só livro.
uma só página.
Um só parágrafo.
Nem uma linha.
Nao posso escrever,
nem ouvir o telefone,
nem acender um cigarro,
nem estender as pernas,
nem levantar-me
sequer
dessa poltrona.
Se me buscar
o pulso
estou certo
de que o nao me encontraria.
Realmente nao sei
o que me acontece.
Nao é asco.
Nao é fastio.
Nao é abulia.
Nao é cansaço.
Nao é indiferença.
Sao todas essas coisas
e nao é nenhuma.
É como se o mundo
se me houvesse
caido
em cima.




*ROGER WOLFE:Nasceu na Inglaterra e vive em Espanha. Professor Universitário e um dos mais promissores poetas da atualidade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

HOMENAGEM: ÁNGELES CARTONEROS - JOSEFINA ARROYO

ÁNGELES CARTONEROS



JOSEFINA ARROYO (ARGENTINA)



Asomado frente a una vidriera
de juguetes, un niño cartonero
ve llorar a un payaso.



¿Qué multiplicación de Herodes
ahogaron tus sueños?



¿Qué Reyes harapientos
dejaron residuos en tus pies descalzos?



¿En cuántas miradas de desprecio
saquearon tu derecho a ser niño?



¿Ningún Moisés enviará su canasto
para salvar tu inocencia?



¿Ningún Juan, ninguna Eva
proclamarán tu privilegio?



Aquí están tatuados en las veredas
de mi ciudad que se vistió de luto
porque en el aire olvidadas de mezquindad
de tanto ruido y tanto apuro
se perdieron las palabras
de un Nazareno que los eligió para siempre.



Mientras tus manos de ángel
se hunden entre los desperdicios
para ganarte el pan
existen deshumanos que en sus verdugosmóviles
van a comer al “restó”
asisten al cine, al teatro
y al macabro espectáculo de la indiferencia.






(Del libro: POETAS EN BOTELLA AL MAR- ANTOLOGÍA- 1946-2006)

sábado, 15 de janeiro de 2011

POESIA: CARTA Nº 1 - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)






CARTA Nº 1


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)




Leitor de mim,
nem sempre posso ater-me
a esta vontade sua de ter-me
assim,
crua/nua/demente
portanto,
direi apenas
que nas fissuras dessas palavras,
que a minha língua seja
na tua língua doce encanto
e desse fulgaz deleite
inflame o canto
e se faça dia
a noite escura
que sobrepoem-se aos sonhos tantos...



Saibamos onde pousam as aves!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

POESIA: BELEZA - VANDA LUCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)





BELEZA


VANDA LUCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)





A vida rasga o ventre com esperança, e as pegadas
de sua ausência me desatina as horas, levo
gerânios e tulipas de encontro ao peito
semeio
nesse sopro de alento
com gorjeios de pássaros
e aves raras, o que sobraram
dos sonhos destemidos... E atravessamos a ponte
que une,
beleza e encanto,
na luz de tua mirada.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

EL VUELO SIDERAL DE LA SRA. SABIDURÍA ...HAIDÉE FRIZZI DE LONGONI (ARGENTINA)





Foto: TRÊS GERAÇÕES- Silvia Long-Ohni(poeta), no centro Haydée Frizzi de Longoni (Historiadora) e Josefina Arroyo ( Periodista y poeta)- Argentina, in AERA.






Foto: Dra. Haydée Frizzi de Longoni e Josefina Arroyo en A.E.R.A (Buenos Aires, Argentina)



"EL VUELO SIDERAL DE LA SENHORA SABEDORÍA" - HAIDÉE FRIZZI DE LONGONI (1911-2011)



Cumplo con la penosa tarea de comunicarles que la Dra. Haydeé Frizzi de Longoni, mi madre, ha fallecido en la madrugada del día de la fecha, 3 de enero, a sus 99 años.
Sus restos serán velados en Sepelios del Norte, Moldes 769, desde las 18:30 horas e inhumados en el Cementerio de Morón el día 4 de enero a las 17 horas, estimativamente.
Agradezco desde ya, como hija, tanto las condolencias como las presencias.
Silvia Longoni


Dra. Haydée Frizzi de Longoni


A los 99 años falleció en esta ciudad la doctora Haydée Frizzi de Longoni, una de las colaboradoras iniciales de Eva Perón y una de las primeras activistas del peronismo en el ámbito académico e intelectual

Había nacido el 8 de de diciembre de 1911. Doctora en Historia por la Facultad de Filosofía y Letras de la UBA, ejerció la docencia en numerosos establecimientos secundarios, fue profesora titular de las cátedras de Historia de la Facultad de Ciencias Económicas de la UBA y de su homónima de de la Universidad Nacional del Litoral. Formó parte del Consejo Nacional Universitario, fue decana de la Facultad de Humanidades de la Universidad Nacional de La Plata y decana de la Facultad de Ciencias de la Educación de la Universidad Católica de la misma ciudad. Presidio el Fondo Nacional de las Artes en el período 1975-1976, fue miembro de número del Instituto Nacional de Investigaciones Históricas Juan Manuel de Rosas, miembro correspondiente de la Academia de Artes y Letras de La Habana, Cuba, y presidenta del Instituto Dorreguiano.
Fundadora y secretaria de la Asociación de Escritores Argentinos (ADEA), publicó los siguientes libros: en 1942: El motín de Tagle y la asonada del 19 de marzo de 1823, obra prologada por Enrique Udaondo y que mereció el primer premio “Humanidades” y medalla de oro por parte de la Institución Mitre, así como el primer premio Chorroarin, y que se impuso, además, en el concurso universitario de 1940-1941. En 1947 vieron la luz Rivadavia y la reforma eclesiástica, que había obtenido dos años antes el primer premio de la Sociedad de Historia Argentina; Rivadavia y la economía argentina, con prólogo de Juan Pablo Oliver (obra posteriormente traducida al inglés), y Las sociedades literarias y el periodismo, que fue prologado por Carlos Ibarguren y que había obtenido el primer premio en el concurso de historia de 1946.
En 1948 reunió una serie de opúsculos sobre temas diversos: “Rivadavia y la mujer en la historia argentina”, “El gaucho y su trascendencia en la historia de la economía argentina”, “Historia económica e interpretación económica de la historia” y un conjunto de notas denominado “Universidad y revolución” en el que expuso las razones de la apasionada opción cívica que había hecho, integrado por los trabajos “Los universitarios argentinos y el coronel Perón”, “La mujer universitaria y el coronel Perón”, “La mujer argentina y la fórmula Perón-Quijano”, “La mujer argentina y las conquistas sociales”, “Las mujeres universitarias y la cultura argentina”, “La mujer argentina y la revolución social”, “El doctor Ramón Carrillo y la revolución social” y “En el Día de las Américas”.
Esposa del doctor Guido Longoni, eminente médico clínico, compartió con éste una intensa convicción peronista, derivada a su vez de un fecundo paso común por la política universitaria. Considerada por Arturo Jauretche –y así lo ha dejado éste consignado en uno de sus libros– “la primera mujer historiadora revisionista de la República Argentina”, continuó sus tareas de investigación hasta muy avanzada edad y dejó dos libros inéditos: Historia de los predios en donde hoy se ubica la Biblioteca nacional y La Casa de Braganza y su intervención en el Río de la Plata, realizados ambos en colaboración con su hija Silvia.
Vinculada al entonces coronel Perón durante los comienzos de la gestión de éste al frente de la Secretaría de Trabajo y Previsión, colaboró en la redacción de las primeras normas dictadas en esa época acerca del trabajo femenino. Aun antes de haberse constituido la Fundación Eva Perón, había establecido cercanía con María Eva Duarte en calidad de amiga; pero fue también su consejera en temas específicos como el de la niñez y de la mujer desprotegida. Sus particulares criterios en esas materias tuvieron concreción en el proceso que desembocó en la intervención y descabezamiento de la antigua Sociedad de Damas de la Beneficencia y en el planteo de trabajo que dio vida a los hogares-escuela y a la reorganización de la Casa Cuna.
Le cupo organizar, en febrero de 1946, el primer acto político femenino en el Luna Park, en el que se registró la primera presencia pública de Evita en una tribuna partidaria; fundó asimismo durante la campaña electoral de ese año y por especial encargo del doctor Ricardo Guardo, la Asociación de Mujeres Universitarias Peronistas Ya durante el desempeño presidencial de Perón, integró la estructura de la Secretaría de Control de Estado, fue colaboradora de Ramón Carillo y redactora del Primer Plan Quinquenal en partes fundamentales referidas a la salud, la educación, la niñez y la mujer. Más tarde, tras la desaparición de, de Evita, el propio Perón le encomendó la constitución de la Orden Hermanas de Eva Perón, apuntada a promover la unión de las mujeres latinoamericanas.
Pero la docencia era su mundo y en él estaba de hecho recluida. Por supuesto, no por eso había dejado de ser militante activa y, en efecto, tras los sucesos de 1955 fue violentamente separada de cátedras ganadas por concurso incluso en épocas anteriores al peronismo y perseguida por siniestros grupos adictos al nuevo régimen. Se incorporó entonces a la denominada resistencia peronista y junto con su esposo se convirtió en una de las estafetas habituales de la correspondencia reservada que enviaba Perón desde el exilio. El matrimonio Longoni fue, al respecto, determinante en la difusión de sucesivas directivas del líder: el voto en blanco, el apoyo a Frondizi… En 1969, los esposos viajan a Europa y en Puerta de Hierro son recibidos por Perón e Isabel.
Austeramente, en 1973 la ya viuda del doctor Longoni se limita a admitir el reintegro de las cátedras de las que había sido despojada dieciocho años antes, pero las turbulencias desatadas tras la muerte de Perón la llevaron a abandonar su aislamiento e incorporarse al Comando Isabel Perón y a ejercer comisiones de intervención y normalización en diversas casas universitarias. Estrecha colaboradora de Ítalo Argentino Luder en la campaña presidencial de 1983, similar papel volvió a desempeñar en la de Eduardo Duhalde en 1999. Desde su creación fue miembro del Club del 45 y también de la agrupación Oestherheld; en años recientes y pese a mantener la actitud de apartamiento que siempre la caracterizó, diversos homenajes y reconocimientos vinieron a consagrar en ella la condición de ser una de las últimas sobrevivientes de la gran gesta que dio nacimiento al peronismo. En dos videos sobre Eva Perón hechos filmar por el Gobierno Nacional figuran testimonios suyos; ambos son guardados por el Instituto Eva Perón, entidad que asimismo dispuso la filmación de uno acerca de la trayectoria personal de la doctora Frizzi de Longoni.


Con mi abrazo siempre
Long-Ohni


el Vuelo Sideral de la Magna Dra. Haydeé Frizzi de Longoni, tu amada Madre (Q.E.P.D) a quien desde T.A.A.R, ENLACE-MPME, y junto a la Embajada Hondureña, reconocimos como "La Sra. SABIDURÍA".




Recibe sinceras condolencias en horas de dolor.





SiLvIa AiDa CaTaLáN
.
Fundadora y Directora Gral. del Taller Artístico Alas Rotas Alitas De América

domingo, 2 de janeiro de 2011

HOMENAGEM: PÍTIAS - BARBARA KORUM (ESLOVÊNIA)*




Foto: Bandeira da Eslovênia



Foto: Barbara Korum (Eslovênia)


PITIJA

Barbara Korun,

nad razpoko spim
ostri robovi
se mi zajedajo
v dušo srce spol
moj topli dih polzi
v razpoko
kot neskončna vrsta črnih mravelj


o moja tisočera življenja
vdihavam
omamljajočo sapo
enega

( In: Barbara Korun
From: Razpoke
Publisher: Nova revija, Ljubljana,
ISBN: 961-6352-80-6 )

http://slovenia.poetryinternationalweb.org/piw_cms/cms/cms_module/index.php?obj_id=5075







Pítias


BARBARA KORUM (Eslovênia)

Tradução: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)

Durmo sobre a fissura;
pressiono contra arestas
minha alma, meu coração o meu sexo,
minha respiração morna verte
na brecha,
um arquivo de formigas pretas.
Ó minhas mil vidas!


Agora, agora eu respiro fundo
o hálito inebriante
de tudo o que é





PYTHIA

BARBARA KORUM (Eslovênia)

Tradução: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)




Duermo más de la fisura;
contra la prensa de los bordes afilados
mi alma, mi corazón mi sexo,
mi aliento tibio se derrama
en el abismo,
el archivo de las hormigas negras.
Ó mis mil vidas!



Ahora, ahora respiro profundo
el aliento embriagante
de todo lo que es.




*BARBARA KORUM: Nasceu em 1963 em Ljubljana, na Eslovênia.É uma das mais promissora escritora de seu país.Ela é autora de Miline Ostrina ('The Edge of Grace', Mladinska Knjiga, 1999), pelo qual recebeu o National Book Award Feira para uma coleção de estréia. Suas outras coleções de poemas poesia e prosa são Zapiski podmizja iz ("Notas de debaixo da mesa", Apokalipsa, 2003) e Razpoke ("Fissuras, Nova Revija, 2004). Um pequeno livreto em Inglês, abismos, surgiu de Poesia Miscelânea Publicações, UT Chattanooga EUA, em 2003, e um livro selecionados de seus poemas em Inglês, Canções da Terra e Luz (Southword Edições, 2005) só saiu na Irlanda, na tradução Dorgan de Theo

sábado, 1 de janeiro de 2011

POESIA: ESSE VERDE QUE CANTAS... - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)






ESSE VERDE QUE CANTAS...


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)




Estupendo! Esse verde que cantas... A emoção na garganta
não espelha o que nos invade a alma
Esses acordes heroico de um
que cego se lança,
como criança esfaimada,
elasticamente no ar,
tão longe,
da agonia do fio da navalha.



ESE VERDE QUE CANTAS ...


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)

Maravilloso! Ese verde que cantas ... La emoción en la garganta
no refleja lo que nos invaden el alma
Estos acordes de una heroica
que salta a ciegas,
muerto de hambre como un niño,
elástica en el aire,
hasta el momento
la agonía del filo de la navaja.