quarta-feira, 16 de junho de 2010

PALESTRA: COEXISTENCIALISMO: Uma Tendência na Poesia Brasileira Contemporânea- Por: VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES











Dedicado à Cleonice Berardinelli, a Thiago de Mello
e a Manoel de Barros, com toda a minha admiração.


" E fizeram o Carnaval!"

Oswald de Andrade (Brasil)


" Apenas o vivo, o pequenino, calado, indiferente
e solitário vivo.
Isso eu procuro."

Carlos Drummond de Andrade (Brasil)



" Um galo sozinho não tece uma manhã:"

João Cabral de Melo Neto (Brasil)







Excelentíssima Presidenta da Sociedade Argentina de Letras, Artes e Ciências- S.A.L.A.C., sala Carlos Paz-Córdoba, Srª Rita Galiasso. Ilustríssimas Senhoras e Senhores poetas, escritores, demais artistas e amigos presentes, é com imenso orgulho e grata satisfação que encontro-me aqui, neste histórico momento, em que coexistimos para além de nossas identidades sociais e culturais, e esperamos, para além da desterritorialização. Saudações poéticas! Em meu nome e em nome do povo brasileiro e em especial, da população do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, e tantos outros que nestas semanas passadas enterraram seus mortos, devido as chuvas torrenciais em nosso Estado. Principalmente porque sabemos que é o povo de um país que faz com que a língua desse mesmo país se torne referência, através de sua literatura, de um canto festivo, de uma voz que se nega a silenciar, diante de injustiça e desamor, mesmo nos instantes de intensa dor, perda e saudades. De língua para língua, de literaturas para literaturas, de esperanças para esperanças, nossas saudações sinceras.
Nesse final da primeira década do século XXI, observa-se no panorama da poesia brasileira uma nova tendência estética preponderante, apesar da crítica literária no país afirmar o contrário.
Olhando com a devida atenção e profícua leitura, principalmente, dos mais expressivos representantes do estilo de época Modernismo ( que vai de 1922- a 1945, com Oswald de Andrade, a Carlos Drummond de Andrade e a João Cabral de Mello Neto), do Pós-Modernismo ( que vai de 1950 a 2000, com Augusto de Campos, Décio Pignatari, e Paulo Leminski ), visualizaremos um Coexistencialismo ( que se inicia em 2001 - até os dias atuais) despontando na poesia enquanto estética ( e ousamos dizer, na prosa também). Por Coexistencialismo entendemos a Escola Literária que trata do que é coevo em arte e da coexistência interculturais, cujas características principais destacamos:

a) gêneros híbridos ( os gêneros se misturam);

b) consciência da importância da preservação da língua e linguagem dos povos;

c) ênfase para a sustentabilidade do conhecimento, visto como meio ambiente, além de patrimônio cultural da humanidade;

d) uso constante de intertextualidade e intratextualidade;

e) a poesia em intenso diálogo com outras linguagens, tais como; cinema, teatro, escultura, música, pintura e/ou multimídia;

f) neo-humanismo;

g) aprimoramento estético profissional ( poetas e escritores tornam-se cada vez mais, mestres e doutores em poética, linguística, literatura comparada, humanidades e artes);

h) noção de poiese humana como o lugar privilegiado do humano ético e estético em abertura para a coexistência no tratamento da palavra e da imagem ou hipertextos.

As epígrafes citadas e seus autores, de certo modo, contextualizam o que se aproxima e diferencia a poesia brasileira contemporânea, onde nomes como: Manuel de Barros, Maria do Carmo Ferreira, Vanda Lúcia da Costa Salles, Adélia Prado, Ferreira Gullar, Francisco Alvim, Geraldo Carneiro, Vicente Franz Cecim, Thiago de Mello, Arnaldo Antunes, Antônio Cícero, Alberto Pucheu, Millor Fernandes, Antonio Carlos Cechim, Leonardo Froes, Alex Varella, Antonio Mariano de Lima, Alice Daniel, Maria Esther Maciel, ana miranda, suzana Vargas, Ivan Junqueira, Paulo Becker, Ulisses Tavares, Victor Colonna, Carlos Queiroz Telles, Angela melim, Adriano Espínola, João de Jesus P. Loureiro e João Pedro Roriz, apenas para citar alguns, dos mais de dez mil e setecentos poetas já catalogados no país, pois fazem a diferença e contribuem através de suas sensibilidades e trabalho árduo para que a Poesia na Literatura Brasileira seja sempre esse vivo pulsar em Língua Portuguesa.
A língua portuguesa e suas literaturas, senhoras e senhores, oficialmente é falada e escrita em oito países: Timor-Leste ( na Ásia), de Fernando Sylvan, de Luís Cardoso e Afonso Busa Metan; Cabo Verde ( em África), de Vera Duarte; Guiné-Bissaú ( em África), de António Baticã e Odete Semedo; Angola ( em África), de Ana Paula Tavares, João Maimona e José Eduardo Agualusa; Moçambique ( em África), de Mia Couto ; São Tomé e Príncipe ( em África), de Conceição Lima e Francisco José Tenreiro; Portugal ( na Europa), de Adília Lopes, Jorge Neto de Melo, Ana Luisa amnjaral e Ana Paula Inácio; e Brasil ( na América do Sul), com mais de 250 milhões de cidadãos falantes, e das 13 contribuições de palavras internacionalizadas que a língua portuguesa contribui, a maioria vem do Brasil, e são elas: sertão, favela, cerrado, samba, macumba, novela, cachaça, caipirinha, Pitu, rodízio.
Coexistir, senhoras e senhores, é verbo intransitivo e significa existir simultaneamente, relações de coexistência entre homem e meio em que vive, e/ou visão intercultural, cuja noção de identidade social e cultural busca aprimorar e coexistir ao incorporar valores de realidade distantes, isto é, pensar o que se convencionou chamarmos de desterritorialização.


* Palestra realizada no !º ENCUENTRO NACIONAL Y INTERNACIONAL " SER VOZ EN EL SILENCIO"-2010- S.A.L.A.C. , VILLA CARLOS PAZ, CÓRDOBA-ARGENTINA ( Abril de 2010).

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