quinta-feira, 17 de junho de 2010

POESIA: NÚNCIA POÉTICA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES



NÚNCIA POÉTICA


Do caos

Essa núncia poética buquê

Requer diálogo com o mistério do mundo

Da cosmovisão

Só a flor, a folha úmida, as borboletas e o livro aberto

De/vês restasse o som e na possibilidade da mão a escrita como capim verde

Na folha úmida larvas, pintassilgos, canário-belgas e ararajubas

Uma rá coaxa a graça de um alecrim e um

ai em mim estala

Só a poesia busca a delicada semente em um amante peito, creio

o cheiro de terra molhada espalha-se chuva olho-de-gato azul

no ar o infinito no céu de sua língua

preserva-se semente brota a evidência

do que é humano e falho

anseio no ser (d)escrever o valo de

estrelas na menina do olho n'água escorre essa luz/conhecimento

da energia condensada e de

um miosótis vale a pergunta que inunda

o fruto aberto

se somente sabemos o que aprendemos no despertar...

se Literatura pura não há...

O que há é um coexistencialismo estético que co(n)vida a vida ao livre pensar

Será que uma compreensão, um toque

Que toque nos reflexos mudaria o ato de pensar?




Do Livro: NÚNCIA POÉTICA (cbje, março de 2010)

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