sábado, 19 de junho de 2010

APRESENTAÇÃO: POESIA EM TRÂNSITO/POESÍA EN TRÁNSITO- POR FERNANDO S. ZINNY E SILVIA LONG-OHNI (ARGENTINA)

*Capa e contra-capa do livro bilingue POESIA EM TRÂNSITO/POESÍA EN TRÁNSITO (Antologia de poetas argentinos e brasileiros contemporâneos). org. por Fernando Sánchez Zinny
-1ª ed. Buenos Aires: La Luna Que, 2009- Com a participação dos seguintes poetas argentino:
Héctor Miguel Ángel , Silvia Aida Catalán, Rubén Derlis, Alejandro Drewes, Ernesto Goldar, Silvia-Ohni, Graciela Maturo, Norma Pérez Martín, Michou Pourtalé e Fernando Sánchez Zinny; e brasileiros: Anderson Braga Horta, Aricy Curvelo, Valeria Duque, Humberto França, Cyl Gallindo, Isolda Marinho, Antonio Miranda, Vanda Lúcia da Costa Salles, Lourdes Sarmento e Salomão Sousa.
Com Palavras Preliminares de Silvia Long-Ohni que apresenta-nos a palavra poética: semente da árvore do conhecimento, conforme suas próprias palavras: " Dez poetas brasileiros, dez poetas argentinos, crto, nada mais que um grão de areia em uma imensidão, mas... este fino e delicado fio com que se constrói a poesia abarca a resistência e a fortaleza com que se forjam as coisas perduráveis. Aqui impressas as vozes são quiçá um caminho que se inicia, um caminho que convida a quebrar o silêncio, a transpor de um salto esse fado de abismo com o que os avatares da história nos fizeram nascer". Ei-la que canta sua ELEGIA:


?Qué quiere redimir el alma mía
inunddada de sed y de cansacio?

Es tiempo de destierro y noche clara,
de tibio mediodía y arduas parras.

es el tiempo del vino solitario
y del pan que comparten mis dos manos.


ELEGIA

De : Silvia Long-Ohni

Tradução: Valeria Duque dos Santos (Brasil)

O que quer redimir a minha alma
inundada de sede e de cansaço?

é tempo de desterro e noite clara
de morno meio-dia e árduas videiras.

é o tempo do vinho solitário
e do pão que compartem minhas mãos.


De Fernando Sánchez Zinny deleitamo-nos com:

INTIYACO

También aquella vez
las palabras creyeron haber sido las últimas.

al otro día me interné en el monte xerófilo
em busca de senderos hacia aquel
silencio demorado por cadencias.

en ayuda vinieron unos pocos sobrevivientes:
callados seres harapientos,
del color de la tierra, con dientes de tabaco,
vestidos con desechos de penurias antiguas.

viven y mueren en caseríos dispersos,
en horcones con niños mirando de soslayo,
junto a una sombra polvorienta y seca
por la que he caminado con lenta timidez.

carentes de memoria,
desconocen la edad que tiene
y es probable que aún no hayan nacido.


INTIYACO

De: Fernando Sánchez Zinny

Tradução: Valeria Duque Dos Santos

também aquela vez
as palavras acreditaram ter sido as últimas

No ouro dia, internei-me no monte xerófilo
em busca de caminhos que me levassem àquele
silêncio demorado por cadências.

duendes e zoologias despertaram
e houve risos e burla entre a ramagem.

como ajuda vieram uns poucos sobreviventes:
emudecidos seres esfarrapados,
da cor da terra, com dentes de tabaco,
vestidos com restos de penúrias antigas.

vivem e morrem em casarios dispersos,
em forquilhas com crianças olhando de soslaio,
junto a uma sombra empoeirada e seca
pela qual caminhei com lenta timidez.

carentes de memória,
desconhecem a idade que têm
e é provável que ainda não tenham nascido.

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